segunda-feira, 25 de maio de 2009

Sacerdotisa — Revelações — Capítulo quarto —

—Capítulo quarto—

O dia seguinte logo chega. A sacerdotisa de Athena mal pregou os olhos durante a noite, ela não conseguia esquecer os olhos, que mais amava e admirava nesta vida, tristes, e por sua culpa. Ela havia ferido o coração de seu amado de um jeito muito cruel, mas isso era necessário, ela não conseguia pensar em vê-lo morto, qualquer coisa seria melhor do que isso. Hades com certeza não teria piedade de Mu, ele com certeza teria vários métodos para cumprir o que disse que faria caso ela não se separasse dele. O ariano um dia se recuperaria, era o que ela estava a pensar.

Durante a manhã antes do almoço Miro vai visitar Linna, esta respira profundamente e se prepara para fingir o que quer que tivesse que fingir seja para quem fosse. Ela abre a porta de sua casa:

—Olá sacerdotisa, como se sente?

—Muito bem Miro.

—Que bom saber — responde o cavaleiro de Escorpião.

—E você, como está hoje?

—Bem.

—Gostaria de entrar? — pergunta a sacerdotisa

—Não, só vim ver como estava. A propósito, você já marcou a data do casamento?

—Não haverá mais casamento.

—O que?

—Eu e Mu terminamos.

—Ora, mas o que ele te falou?

—Ele aceitou.

—Não me diga que foi você quem tomou essa decisão? — o escorpião mantinha um olhar espantado.

—As coisas um dia acabam. Agora se você me der licença eu vou treinar um pouco, obrigada pela visita.

A jovem estava cada vez se tornando mais fria, ela teria que fazer tudo que fosse possível para que o seu cavaleiro permanecesse vivo. O almoço passou, porém Linna nem percebeu o tempo passar, ela permanecia sentada com um olhar distante. À tarde, foi Afrodite que veio fazer-lhe uma visita. Novamente a jovem abre a porta de sua casa preparada para tudo:

—Boa tarde Linna!

—Boa tarde.

—Você ainda não me disse quando seria o seu casamento. Eu não vejo a hora de...

—Não haverá mais casamento.

O cavaleiro de Peixes arregala seus olhos:

—Mas como não? Vocês brigaram?

—Nós apenas terminamos.

—Mas por quê?

—Eu não sinto mais nada por ele.

Agora realmente o pisciniano arregalava seus olhos:

—Isso é realmente surpreendente!

Linna partia mais uma vez para seu discurso de sentimentos efêmeros:

—As coisas um dia acabam.

—Eu precisarei me recuperar dessa notícia! Linna, até amanhã!

—Até.

Como a jovem estava conseguindo fazer isso nem ela sabia. Nada mais importava agora.

O cavaleiro de Peixes não queria acreditar no que ouvira, como Linna, uma garota tão apaixonada, de um dia para o outro deixava de amar? Seria isso possível? Ele atravessava a décima primeira casa. Afrodite disse assim que entrou, para o guardião dela:

—Seria o destino dos aquarianos permanecerem sozinhos?

—Do que está falando? — pergunta sem dar muita importância o cavaleiro de Aquário.

—Sua irmã terminou com Mu.

—Como?

—Isso mesmo que você ouviu. Eu acho até que seria bom se você falasse com ela — assim que o pisciniano diz isso ele parte para sua casa, ainda abalado com a situação.

Camus iria tirar essa história a limpo. Ele passa por virgem, Shaka meditava, ele passa por Áries, Mu devia estar dentro de sua casa, e o aquariano chega na casa da sacerdotisa de Athena.

A sacerdotisa permanecia da mesma maneira: com o olhar distante, muda, sem derramar mais uma lágrima sequer. Ela escuta que alguém bate em sua porta, mais uma vez ela a abre desejando saber quando as pessoas a deixariam em paz. Era Camus:

—Linna, o que você fez?

—Vejamos... Eu não sei. O que eu fiz?

—Você disse que o amava. E tudo que você me disse?

—Ah, é isso...

Isso? Camus havia escutado direito? A sacerdotisa continua:

—Niisan, as coisas acabam, isso é simples e compreensível...

—Linna, por que está mentindo? Eu percebo que você está triste. Você não pode esconder seus sentimentos verdadeiros para mim que sou seu irmão gêmeo!

A jovem havia parado de ser convincente? Seu irmão nunca havia falado assim com ela, ele realmente parecia se comportar como um irmão. Ele sempre fora distante, mas os dois se gostavam muito. O aquariano continua:

—Eu te amo minha irmã. Você pode dizer a mim. Por que está tendo que fazer isso?

A sacerdotisa se desespera:

—Camus, eu já estou cansada de falar a todos vocês a mesma maldita coisa! Eu não sinto mais nada por Mu de Áries — ela estava berrando.

—Eu sei que você está mentindo Linna, quem melhor do que eu para saber isso? Fique com seus pensamentos — o aquariano simplesmente sai sem dizer mais nada.

Mais uma vez Linna sente suas lágrimas escorrerem fazendo com que seus olhos ardessem. A sacerdotisa então, teria que fazer alguma coisa, seu irmão estava desconfiado, Mu poderia correr risco.

Enquanto isso, Camus retornava para as doze casas. Assim que ele chega na primeira casa vai falar com Mu:

—Mu.

—Olá Camus.

—Eu fiquei sabendo sobre você e a minha irmã.

O ariano permanece mudo sem conseguir encarar o cavaleiro de Aquário.

—Eu só tenho uma coisa a lhe dizer, ela mentiu. Tenho certeza. Eu posso sentir que ela está triste.

Mu ergue seus olhos para encarar Camus. Neste momento aparece Shaka:

—Descobri!

O aquariano rapidamente pergunta:

—O que descobriu Shaka, é sobre minha irmã?

—Isso! Eu sei por que Hades precisa de Linna.

O deus que comanda o mundo dos mortos, Hades, havia morrido tempos atrás na batalha contra Athena e seus cavaleiros. Ele descobriu que poderia ressuscitar, ele e a quem mais fosse necessário, se ele tivesse uma poderosa sacerdotisa ao seu lado. A jovem ideal é Linna. Ela nasceu sacerdotisa de Athena, mas Hades daria um jeito de tê-la para si. Se ela não viesse por livre espontânea vontade ao seu lado, ele a controlaria e a usaria ao seu dispor, e para isso ele precisava dela fraca e submissa. Então a primeira coisa a fazer foi acabar com o que Linna tinha de mais precioso e o que mais lhe dava forças: o amor de Mu.

O cavaleiro de Áries sai correndo em direção a casa de Linna, ele chega e encontra a porta aberta. O ariano entra. Enquanto andava, Mu não sentia a presença da sacerdotisa, ele pára próximo a uma cortina que balançava ao vento, Linna havia abandonado o santuário.

Mais uma vez as lágrimas escorriam pela face do cavaleiro, como ele havia deixado que isso acontecesse? Ele percebe um brilho azul sobre a mesa da sala. Lá estava o colar que Mu havia dado a Linna no dia em que os dois haviam iniciado uma romântica relação. O ariano pega o colar, segurando a safira ainda quente em suas mãos.

—sSsSsSsSsSs

E aqui termina o que eu tenho escrito de Sacerdotisa — Revelações. O plano era ter mais quatro ou cinco capítulos, porém a minha falta de responsabilidade da época juntamente com meu HD pifando me impediram de postar. O plano ainda é ter oito capítulos. Ainda tenho esperança de que a HD volte misteriosamente a funcionar um dia...
Escrever novamente também é uma possibilidade. Se assim eu me sentir apta...

Sacerdotisa — Revelações — Capítulo terceiro —

— Capítulo terceiro —


Após o incidente no salão passaram se alguns dias. O povo disfarçava na presença da sacerdotisa, ela não agüentando mais essa situação, passa a evitar sair de sua casa. E como se tudo não fosse o bastante, Linna começou a ter pesadelos, com um homem de cabelos escuros e olhos obscuros. A jovem conseguiu evitar que Mu descobrisse isso. Até que uma vez, a sacerdotisa acorda no meio da madrugada após mais um sonho, vai até o banheiro e se olha no espelho. Ela diz decidida:

—Quem é você?

Silêncio

—Responda, quem é você? E o que quer de mim?

—Percebeste enfim...

A sacerdotisa havia ouvido uma voz, logo ela percebeu que a voz vinha de dentro dela, estava em seu subconsciente. Linna se espanta e a voz continua:

—És meu elo para esse mundo. Eu sou Hades.

A jovem se desespera e senta-se no chão devagar. Ela leva uma de suas mãos à boca e diz ainda, em tom baixo:

—Como isso é possível?

E a voz continua:

—É preciso que se tornes a minha sacerdotisa.

—Isso é impossível! Eu jamais abandonaria Athena!

—Linna?

Agora era a voz de Mu. Este havia acordado preocupado com sua sacerdotisa. A jovem abre a porta do banheiro devagar ainda com os olhos um pouco arregalados.

—Está se sentindo bem? — pergunta amorosamente o cavaleiro preocupado de Áries.

Teria sido um sonho? Não, foi tudo muito real para a sacerdotisa Linna. Mas, quem sabe...

—Estou, foi apenas uma tontura.

—Tem certeza?

—Tenho.

—Então está bem, venha se deitar.

Mu a conduz para sua cama, a sacerdotisa se deita. O cavaleiro a observava, ele não podia fazer nada para ajudá-la, e agora Hades estava atrás dela, por quê? E como isso era possível? O ariano se sentia inútil.

Shaka na maior parte do tempo meditava, para tentar encontrar respostas. Os três cavaleiros de ouro que sabiam o que estava acontecendo, acharam melhor não contar a ninguém por enquanto, Athena logo estaria de volta e eles falariam com ela primeiro. Não seria bom também preocupar Linna, que tão debilitada já estava.

Na manhã seguinte, a sacerdotisa se levanta. O ariano já estava acordado a protegê-la e fazendo com muito gosto companhia à jovem.

—Bom dia! — diz o cavaleiro.

—Bom dia — responde a sacerdotisa se sentindo um pouco estranha.

—Quer tomar seu café da manhã agora?

—Mu, eu gostaria de treinar hoje.

—É melhor que não faça isso ainda.

—Já se passaram vários dias, eu estou bem.

O ariano percebe que seria melhor deixar com que ela treinasse.

—Está bem, mas não se esforce. Eu vou sair um pouco para que você possa treinar, mas não irei demorar a voltar.

Mu não gostava muito de deixar a sacerdotisa sozinha, Linna era bem capaz de aprontar alguma coisa enquanto ele estivesse fora.

—Eu prometo que não vou me esforçar.

—Até mais Linna — o cavaleiro deixa um beijo em sua testa.

—Até mais.

Mu parte para as Doze Casas, iria falar com Shaka. Enquanto isso, a sacerdotisa estava de olhos fechados parada. E como esperado, a voz de Hades ela ouviu em sua cabeça:

—Eu quero que se afastes dele.

A sacerdotisa arregala seus olhos. A voz continua:

—Desejo que se afastes de Mu de Áries.

—O que? — pergunta Linna incrédula.

—Ou preferes ver seu carneirinho dourado morto?

—Não! Isso nunca!

—Então me obedeça Linna! Separe-se de Mu para o bem dele e para o seu.

Silêncio.

—Por que hexitas? Sou um deus, não podes me desobedecer.

—Eu não vou deixar os braços de Athena e me unir a você! Jamais!

—Estou sendo muito bondoso para contigo Linna, apenas estou lhe pedindo para se afastar daquele cavaleiro. Nada mais. Sendo que o amor entre vocês nem é real.

A jovem arregala seus olhos:

—É real!

—Sim... Tanto que foi posto na cabeça de vocês... Por uma simples profecia!

— O nosso amor é real! Eu tenho certeza!

—Acredita nisso se quiser. De qualquer forma, tu não o terás, se o tiveres ele morre.

Linna permanecia muda, fitando o chão. A voz de Hades continua:

—Farás isso, não farás?

—Farei...

Hades havia conseguido uma das coisas que queria, seria o primeiro passo para tomar Linna para si.

Enquanto isso, na sexta casa Mu chegava. Shaka assim que percebe o cumprimenta:

—Olá Mu.

—Olá Shaka, obteve sucesso? Conseguiu descobrir alguma coisa?

—Ainda não, mas eu sinto que estou próximo.

—Espero que esteja — o ariano abaixa seus olhos e fita o chão tristemente.

Shaka põe uma mão sobre o ombro do cavaleiro de Áries:

—Daremos um jeito, não deve ficar assim, a culpa não é sua.

Mu agradece a compaixão do cavaleiro de Virgem, se despede e volta para a casa de Linna. Esta havia treinado um pouco, com muita dificuldade e agora permanecia sentada, com os cabelos molhados de um banho tomado. Ela possuía um olhar distante.

—Linna?

A jovem permanece em silêncio. O cavaleiro então se aproxima e põe uma mão em seu ombro. A sacerdotisa se assusta e se afasta.

—Você está bem? — pergunta o ariano.

—Sim — ela responde.

Mu possuía um olhar triste, ele sabia que Linna não estava bem, mas ele nada poderia fazer.

Neste instante, a sacerdotisa sentia uma forte dor em seu peito, ela teria que se separar de seu cavaleiro. Este pergunta:

—Tem alguma coisa que você gostaria de me dizer?

—Sim.

Ele queria ajudá-la. O amor de sua vida estava sofrendo, ele não iria suportar vê-la assim.

—Pode dizer.

—Eu acho que nós não devemos mais ficar juntos.

—Linna, você não me dá trabalho, eu quero cuidar de você.

—Não é isso...

—O que é então? Diga-me.

—Eu apenas não te quero mais.

Mu não compreendia por que Linna estava falando isso.

—Olhe nos meus olhos! Diga que não me ama!

Aqueles olhos que a deixavam maluca, aqueles olhos que eram capazes de fazê-la admitir qualquer coisa... Como mentir para aqueles olhos? Ela mente...

—Eu não te amo mais Mu.

O cavaleiro dourado fecha seus olhos e diz tristemente:

—Pelo menos, você conseguiu provar que a profecia não era verdadeira. Desculpe ter feito você perder tempo comigo.

Mu deixa a casa de Linna sem dizer mais nada.

A sacerdotisa aspira muito ar pela boca e se desaba ao chão, chorando feito uma criança. Por que ela havia achado que poderia ser feliz? Que tinha direito à felicidade? Agora ela, e pior ainda Mu, sofriam!

As lágrimas também não deixavam o cavaleiro de Áries, elas insistiam em rolar continuamente por sua bela e alva face.

Algum tempo depois, a sacerdotisa havia parado de chorar, suas lágrimas não saíam mais, pareciam ter secado. A jovem apenas permanecia sentada com os olhos abertos e com um olhar distante. A voz de Hades então se faz ouvir:

—Notou como conseguiste sobreviver?

Ela permaneceu muda, com o mesmo olhar distante.

A tarde logo se adentrava e chegava ao fim. Mu estava em sua casa quando Shaka apareceu:

—Mu, eu estava indo visitar a Linna, ela está aí?

—Não.

—Eu pensei que você passaria à tarde com ela hoje.

—Eu também pensei.

—Aconteceu alguma coisa? — pergunta o virginiano.

—A Linna não me quer mais — responde o cavaleiro de Áries.

—O que quer dizer? Por que diz isso?

—Ela me disse.

—Mas, será que ela não está confusa, ou está sendo controlada por alguém?

—Não, era justamente a Linna que eu conheço.

—Isso não pode ser, não faz o mínimo sentido!

—Obteve alguma resposta em suas meditações?

—Não, ainda não. Mas Mu... — Shaka é interrompido pelo ariano:

—Então eu espero que você consiga descobrir o que é. E não hexite em me chamar se a Linna precisar, apenas não conte isso a ela.

—Mu... — o cavaleiro mais próximo de deus ainda tentava dizer algumas palavras de consolo ao ariano. Ele também não compreendia como sua amiga poderia ter feito isso.

O cavaleiro de Áries calmamente interrompe o de Virgem:

—Shaka, eu gostaria de ficar sozinho.

—Eu compreendo.

O virginiano se locomovia em direção à casa da sacerdotisa. Ele precisava descobrir e entender o por que de sua amiga ter terminado com Mu. Isso não podia ser compreendido! Ele bate em sua porta. A voz de Hades faz-se ouvir para Linna que observava a sua porta assustada:

—Lembra-se, a vida daquele cavaleiro de ouro está em suas mãos.

A sacerdotisa friamente abre a porta de sua casa. Ela vê seu amigo. Por um momento ela teve vontade de dizer tudo que estava sentindo a ele, seu maior confidente e companheiro.

—Olá Linna. Posso entrar?

—Claro, entre — diz a jovem sem nenhuma expressão em seu rosto.

—Como está se sentindo hoje?

—Bem.

Parecia realmente que Linna falava a verdade, mas o virginiano sentia que a sua amiga não estava bem. O cavaleiro de Virgem continua:

—Você e o Mu brigaram?

—Não, eu apenas terminei com ele.

—Linna, por que fez isso? Você não o ama?

—Não.

Shaka abre seus olhos. A sacerdotisa permanecia calma.

—Linna, como isso é possível?

—Ora Shaka, as coisas acabam. Eu simplesmente não sinto mais nada por ele.

—Ele fez alguma coisa que você não gostou?

—Não, ele é bonzinho.

Bonzinho? Shaka estava de olhos arregalados. Realmente Linna não estava sendo controlada, mas como era possível que ela tivesse mudado de opinião assim. Seria culpa da profecia? Esta seria verdadeira e agora perdia seu efeito?

A sacerdotisa estava se mantendo firme, estaria ela sendo convincente o suficiente? Ela teria que ser ainda mais forte. Por ele!

—Como foi seu dia Shaka?

O virginiano ainda olhava para ela incrédulo. Ele responde:

—Eu passei o dia meditando.

—Que bom.

—Não muito, ainda não obtive algumas respostas que eu estou a procurar.

—Não se preocupe Shaka querido, não desista que um dia você as terá!

Linna sorria como se nada estivesse acontecendo de diferente em sua vida.

—Eu espero que sim. Eu vou aproveitar para meditar mais um pouco. Você ficará bem?

—Com certeza!

—Então amanhã nos veremos.

—Até amanhã Shaka, tenha uma boa noite.

O cavaleiro de Virgem saía da casa de Linna ainda de olhos bem abertos, como tudo isso era possível? Ele sabia que deveria encontrar respostas o mais cedo possível. O virginiano chega na primeira casa. Ele iria atravessá-la calado, porém Mu o chamou:

—Shaka, como ela está?

—Bem.

—Bom saber — o cavaleiro de Áries sorri. No final ele apenas ansiava que Linna estivesse bem.

Shaka já de olhos fechados sobe inconformado com o rumo que os acontecimentos estavam tomando até sua casa e começa a meditar novamente.

Sacerdotisa — Revelações — Capítulo segundo —

— Capítulo segundo —


Desde pequena Linna sabia de seu destino como sacerdotisa. Ela não passou muitos anos de sua vida ao lado de seu irmão gêmeo, os dois teriam treinamentos distintos. A futura sacerdotisa havia conhecido Shaka na Índia, os dois se tornaram grandes amigos.

Todos os futuros cavaleiros têm seus treinamentos em diversas partes do mundo, com Linna, mesmo não sendo um cavaleiro ou amazona, não foi muito diferente. Ela passou por vários países para com doze anos ser enviada definitivamente ao santuário de Athena, onde ela já havia conhecido Saga, Kanon e Shura.

—Nessa época — diz Shaka — você era uma pessoa que não se abalava com nada. Eu realmente prefiro você agora, mais humana — o virginiano então pensa — Mu, bom trabalho.

—Então, eu voltei ao santuário...

Linna havia retornado para o santuário, ela logo ficaria sabendo da profecia.

Pouco tempo depois que a jovem chegou, ela passeava pelas ruas. De repente uma senhora de cabelos brancos usando um xale de cor verde aproxima-se para falar com a futura sacerdotisa:

—Você é a jovem que nasceu para ser a sacerdotisa de Athena.

—Hum? — diz Linna que ainda indaga mentalmente — Como ela sabe?

Essa informação era mantida em segredo. A velha continuou:

—É minha obrigação contar a você sobre a profecia.

—Profecia?

—Você nasceu sendo a sacerdotisa de Athena, porém você pode abdicar dessa responsabilidade quando quiser. Para os cavaleiros funciona um pouco diferente, eles apenas se tornam cavaleiros no momento em que vestem suas armaduras pela primeira vez. A profecia diz que assim que os olhos da sacerdotisa de Athena e os de um cavaleiro de ouro se encontrarem, eles irão se apaixonar eternamente.

—Do que você está falando? Não pode ser verdade...

—Isso talvez exista para que a sacerdotisa de Athena tenha proteção...

—Não! Isso não é certo! Eu não aceito! — Linna começou a dizer exaltada.

—Mas é a mais pura verdade. Eu realmente sinto que você não acredite em mim.

—Eu gostaria realmente de não acreditar em você...

—Minha missão está cumprida — disse a senhora olhando para o céu.

A futura sacerdotisa começa a correr. Ela de repente começou a se lembrar de algumas frases. Primeiro a voz de um homem:

—Saga se tornou um cavaleiro de ouro...

Depois a voz de uma mulher:

—Eu creio que em breve seu irmão irá se tornar um cavaleiro de ouro...

Linna arregala seus olhos e depois ainda escuta em seus pensamentos a voz de seu amigo Shaka:

—Linna, eu serei um cavaleiro de ouro.

A jovem corre ainda mais. Ela pára em uma grande e antiga biblioteca, passa toda tarde, até o anoitecer pesquisando. Linna encontra informações sobre a tal profecia.

Quando escurece, a jovem retorna para onde estava dormindo e encontra a sua dama de companhia, a mulher que tinha a obrigação de ficar ao seu lado e lhe dar conselhos. A mulher de companhia começa a dizer para logo ser interrompida por uma aparente calma Linna:

—Senhorita Linna, você demorou...

—Assim que os olhos da sacerdotisa de Athena e os de um cavaleiro de ouro se encontrarem, eles irão se apaixonar.

—Como soube disso?

—É verdade então...

—Bom, na verdade não há provas de que seja verdadeira, mas essa profecia de fato existe. Eu preciso ir agora, é melhor você se deitar — a mulher sai rapidamente, de olhos arregalados.

A futura sacerdotisa se deita, ela já sabia exatamente o que faria. No meio da noite Linna foge do santuário. A jovem andava com passos firmes, decidida, ela encarava a situação friamente dizendo para si mesma:

—Eu nunca deixarei de ser a sacerdotisa de Athena, eu cumprirei minha missão, mesmo que fora do santuário. Eu posso passar toda minha vida sem encontrar qualquer cavaleiro de ouro. Eu não mudarei o destino de ninguém!

Linna havia levado suas economias, com estas ela conseguiu alugar um quartinho na periferia de Atenas. Logo ela consegue um trabalho como faxineira para se sustentar. Todo dia a jovem acordava antes do sol nascer, rezava e treinava, e depois ia trabalhar. Assim se passaram vários anos, Linna fazia bicos e se sustentava. Ela freqüentava uma biblioteca também sempre que podia.

Ao completar vinte anos, a sacerdotisa começa a esquecer de algumas coisas que havia feito, até que um dia ela sai, passando dias sem saber direito o que acontecia com ela mesma. Primeiro veio a dor de cabeça, que sempre após uma crise a jovem não se lembrava. Depois veio a dor pelo corpo todo. Então, ela própria começou a se unhar e não mais sustentava seu próprio corpo, estava visivelmente desfalecendo.

—Parecia que alguém estava querendo me controlar, eu não conseguia dominar as minhas ações direito. Eu não sabia o que estava acontecendo. Eu me lembro de correr. E foi aí que Mu me encontrou, eu acabei voltando para o santuário.

—Que bom que voltou para nós Linna.

—Eu estava bem ruim, mas logo melhorei, realmente achei que isso não mais aconteceria. Agora parece que tudo está voltando, eu não sei o que está acontecendo Shaka! Eu apenas não gostaria de dar trabalho às pessoas...

—Linna, apenas não fuja novamente. Seja o que for, nós descobriremos e você ficará bem.

—Shaka...

—Você nunca daria trabalho algum, e a culpa nem é sua!

—Mu disse o mesmo...

—Pois então. Quanto a isso, não precisa se preocupar. Vamos nos preocupar em descobrir o que é, e por que é.

A sacerdotisa concorda positivamente com a cabeça.

—Você já contou isso ao Mu?

—Não — a jovem responde tristemente — eu mesma não sei o que se passa comigo.

—Diga a ele, ele vai ficar mais tranqüilo em saber o que de fato está acontecendo.

—Eu vou dizer...

—Eu vou procurar saber o que está acontecendo com você. Não se preocupe, eu não vou contar a ninguém. Eu vou trazer o Mu.

—Sim...

Linna estava abatida, mas parecia mais aliviada. Seu coração estava levemente disparado, agora ela iria contar ao cavaleiro que mais amava que era uma pessoa frágil e que nem ela sabia por quê. O ariano logo retorna.

—Como está se sentindo?

—Bem.

—Bom saber...

Shaka não havia dito nada a Mu, este então supôs que Linna deveria ter contado ao virginiano alguma coisa. O cavaleiro de ouro podia agora ficar um pouco mais tranqüilo. Ele se senta em um sofá próximo ao que a sacerdotisa estava. Linna estava olhando fixamente suas mãos em seu colo, de repente ela se levanta desarrumando as almofadas e deixando cair o lençol que a cobria. O ariano rapidamente se levanta.

—Linna!

A jovem então abraça seu cavaleiro dourado e diz entre seus braços:

—Mu...

—Está tudo bem meu amor, eu estou aqui com você.

—Há alguns meses atrás eu comecei a reparar que algo estava errado comigo, eu não poderia deixar que algo me abalasse. Eu estava esquecendo coisas, me sentindo estranha, às vezes eu até sentia que eu não controlava minhas próprias ações. Eu parti sem rumo e sem saber direito como. Comecei a sentir fortes dores e eu não mais agüentava o peso do meu corpo. Eu me lembro de correr bastante, não sei nem como. Eu queria me proteger, mas como se o que estava me fazendo mal parecia vir de dentro de mim? Eu não queria contar isso a ninguém, principalmente a você. Eu sou a sacerdotisa de Athena, não posso ser fraca assim.

—Linna, mesmo você sendo a sacerdotisa de Athena, não deixa de ser um ser humano. Às vezes somos fracos, muitas vezes. E no seu caso nem foi sinal de fraqueza. E também você deveria saber que pode confiar em mim e que eu sempre irei te proteger, sempre que você precisar.

—Eu sei, mas é que...

—Você não foi fraca. E mesmo que tivesse sido isso não seria de nenhuma importância. Nós vamos descobrir o que está acontecendo com você, e eu com muito gosto irei continuar lhe protegendo pelo resto da minha vida. E se isso for culpa daquela profecia eu vou ter que agradecer até o meu último dia por ela existir!

A sacerdotisa começava a chorar novamente, parecia que todas as lágrimas que ela havia querido chorar por todos esses anos ela estava derramando. Ao mesmo tempo em que estava triste, Linna estava muito feliz, Mu era simplesmente perfeito! Este continua:

—Eu tenho uma coisa para lhe dizer, eu ia esperar o retorno de Athena. Mas para falar a verdade eu não vejo por que esperar mais. Quero que se case comigo, que seja minha mulher!

Linna estava sem ar, um pedido de Mu de Áries. Ela enxuga suas lágrimas rapidamente e diz toda sorridente:

—Mas é claro que eu aceito me casar com você!

—Eu achei que você poderia achar que era muito cedo.

—Ah Mu! — a sacerdotisa abraça ainda mais fortemente seu cavaleiro dourado.

—Eu quero que você conte a todo o santuário, desejo fazer uma grande festa.

—Sim. Assim que eu estiver melhor eu vou chamar todo mundo pra contar!

O ariano sorria, ele também estava muito feliz.

Dois dias se passam, a sacerdotisa havia se contido para não contar nem a Camus e nem ao seu melhor amigo. Porém isso logo aconteceria e ela rapidamente comunica isso ao ariano.

—Hoje irei falar a todo o santuário sobre o nosso casamento no salão principal. O horário será assim que começar a escurecer. Eu gostaria que você fosse se puder.

—Obviamente estarei lá. Afinal, sou a parte interessada — diz o cavaleiro sorrindo calmamente.

A tarde logo chega, Linna havia posto um vestido muito bonito, de cor azul clara. A sacerdotisa sozinha havia avisado a todo o santuário, pelo menos às pessoas que conhecia. A jovem disse que teria algo muito importante para falar, sempre com um magnífico sorriso no rosto. Linna parte ao salão. Um palco havia sido improvisado por ela usando algumas mesas, cadeiras haviam sido postas em frente a essas mesas e muitas pessoas já se encontravam por ali. A jovem vê Shaka, ela discretamente chama o virginiano para que ninguém a visse. O cavaleiro de Virgem já a sós com a sacerdotisa se espanta:

—Linna?

—Shaka! Eu não vou agüentar, eu tenho que te contar primeiro!

—Do que se trata?

—Eu vou contar a todo o santuário, mas eu gostaria de lhe falar primeiro — a jovem se aproxima do ouvido de seu amigo e diz algumas palavras.

—Linna! Eu fico muito feliz por você!

—Muito obrigada! Agora devo ir. Sente-se que eu subirei ali para dizer a todos — diz a sacerdotisa sorrindo e apontando para as mesas usadas como improviso.

Shaka faz o que Linna havia lhe pedido, ele aproveita para adiantar aos cavaleiros que estavam próximos, o fato da sacerdotisa logo chegar. E ela chega. Completamente elegante com um belíssimo sorriso no rosto. A jovem não tarda a falar.

—Por favor, sentem-se todos.

Mais alguns segundos e todos haviam se sentado. Olhavam então curiosos para ela.

—Eu tenho algo muito importante para dizer a todos vocês. Queria também aproveitar para convidar vocês para participar disso comigo. Eu falo do meu casamento com Mu de Áries.

O santuário todo olhava espantado para ela, alguns muito felizes com grandes sorrisos em sua face, outros com simplesmente cara de espanto, mas uma pessoa olhava com uma cara bem séria, o curandeiro chefe de Athena.

Os cavaleiros de ouro, que estavam sentados mais próximos ao palco, começam a olhar o cavaleiro de Áries que estava sentado junto a eles. Alguns cumprimentos foram ditos. Isso tudo aconteceu muito rapidamente. Neste momento a sacerdotisa começa a passar mal e antes que as pessoas comuns reparassem no que estava acontecendo, Mu já estava segurando Linna em seus braços, seguido de perto por Shaka e Camus.

—Linna! — o ariano gritava.

—Mu! A minha cabeça... Dói muito!! Faz isso parar, por favor!

As pessoas começavam a se acumular em volta deles. Os cavaleiros que próximos estavam começam a ajudar:

—Dêem espaço! Dêem espaço para a sacerdotisa respirar!

A jovem agonizava de dor caída nos braços de seu amado. Shaka e Camus estavam ao lado dos dois.

—Ahh. É ele! Mu! Tira ele de mim, Mu!!

O ariano não sabia o que poderia fazer, ele começou a elevar seu cosmo à jovem e foi ajudado por Camus. Shaka percebe algo em Linna e abre seus olhos. Não demora muito e os dois cavaleiros de ouro começam a ficar cansados, a sacerdotisa havia parado de gritar, ela apenas tremia de olhos fechados, abraçada a Mu, já ausente de tudo que acontecia a sua volta. Os cavaleiros de ouro haviam retirado todo o povo do salão e vigiavam para que este ficasse apenas com eles lá dentro.

—Mu, Camus, eu acho que eu sei o que está acontecendo.

—Vocês estão querendo dizer que não é a primeira vez que isso acontece? — pergunta Camus sério.

O ariano toma a iniciativa para falar:

—Ela já teve crises de dor de cabeça, porém ela sempre fica distante e depois não se lembra de nada. Ela não quis nem contar a mim.

—E você diz que sabe o que é Shaka? Diga! — diz o aquariano agora se dirigindo especialmente ao cavaleiro de Virgem.

—Hades.

Mu e Camus olham incrédulos para Shaka.

—Isso mesmo que vocês ouviram, eu vi a presença dele. Eu não sei por que, mas ele parece estar tentando tomar Linna para si.

—Como isso é possível? — pergunta o cavaleiro de Aquário.

—Eu também não sei — Shaka dizia tristemente olhando para a jovem no colo de Mu.

Sacerdotisa - Revelações

O contexto dessa fic é ainda após a guerra contra Hades retratada no anime. Alguns fatos foram ligeiramente modificados. Nesta fic, como também em sua antecessora, os cavaleiros de ouro, em especial, estão vivos, apesar de não terem recuperado toda a sua força ainda.

Novamente optei por deixar Mu descrito como o personagem principal da história, mesmo que muitos cavaleiros de ouro também apareçam.

Obviamente Saint Seiya não me pertence. Mas os meus personagens sim.

Boa leitura!

Sacerdotisa – Revelações

—Capítulo primeiro—


Em um dia de sol, pássaros voavam e cantavam alegremente tendo o azul majestoso do céu como paisagem - Um belo dia começava no santuário da deusa Athena. Esta havia viajado ao Japão com a companhia de Kiki, o garoto estava se divertindo muito. Em seu santuário, o dia começava normal, como outro qualquer.

– E agora... Pó de estrelas... Mais um trabalho concluído.

Instrumentos refinados e precisos estavam dispostos próximos a um homem, um jovem homem de aparência tranqüila.

Mu, o cavaleiro de Áries, havia despertado cedo e consertava algumas armaduras. Logo ele descobriria que receberia uma visita de Linna, sua amada e sacerdotisa de Athena, que no momento estava a treinar em sua casa.

—Athena estará bem? Kiki estará se divertindo?

Linna, a sacerdotisa, era uma mulher jovem muito simpática e bonita, possuía longos cabelos azuis e olhos azul-escuros. Ela tinha Camus, o cavaleiro de Aquário, como seu irmão gêmeo, Shaka, o cavaleiro de Virgem, como seu melhor amigo e Mu como seu grande e único amor. A jovem conhecia o ariano há aproximadamente um mês, e os dois estavam juntos também há pouco tempo.

Assim que a sacerdotisa termina seu treinamento, toma um banho e se veste para sair. A jovem veste uma rodada saia azul escuro e uma confortável blusa branca e sai rumo às Doze Casas do Zodíaco. Enquanto isso, Mu terminava de consertar mais uma armadura e se levanta para tomar um copo de água. Linna chegava em Áries e rapidamente parava ao ver armaduras espalhadas pelo chão. Ela não gostava de atrapalhar as atividades do cavaleiro, mesmo que este dissesse que não havia problema algum.

—Linna? O que faz parada aí? Entre — diz Mu.

Antes que a sacerdotisa pudesse contestar alguma coisa, o cavaleiro de Áries passa seus hábeis braços por detrás da cabeça da jovem. Ele observa, divertido, atentamente a reação de Linna e encosta suavemente seus lábios aos dela para lhe roubar um longo beijo.

—Senti saudades suas — ele diz.

—Eu também! — a sacerdotisa responde sorridente.

—Apenas não diga que me atrapalha.

—Está bem— se o ariano não tivesse dito isso, ela certamente teria perguntado se o estava atrapalhando — Aonde pretende almoçar hoje?

—Podemos ir ao salão — responde o ariano.

—Então está combinado! — ela sorri.

Pouco tempo depois, os dois haviam partido para o salão em questão. Linna cumprimenta então seu querido amigo que já se encontrava sentado à mesa:

—Shaka! Olá!

—Linna, como está?

Os dois trocam os cumprimentos costumeiros.

O ariano puxa uma cadeira ao lado do virginiano para que a sacerdotisa se sente. Ela se senta e ele faz o mesmo ao seu lado. Mais alguns cavaleiros chegam e todos começam a conversar.

—Niisan!

Camus chegava à mesa

—Como vai irmã? —Camus pergunta esboçando um sorriso.

—Muito bem!

—Eu vi direito?

—Olá Aphrodite! — a sacerdotisa cumprimenta o cavaleiro de Peixes.

—Camus deu um belo sorriso! —provoca o pisciniano — E olha que eu realmente entendo de beleza!

—Está alegre hoje? — pergunta Shura.

—É algo meio raro de se ver... —brinca Death Mask.

—Qual o problema dele ser reservado? — interveio Miro.

—Não briguem! Vamos almoçar em paz — sentencia Aldebaran.

—Isso é um pouco difícil por aqui... —completa Aioria

—De qualquer forma —finaliza Saga — Comamos!

Os pratos são postos à mesa e logo esvaziados. Depois de mais de um mês, os presentes à mesa já haviam se acostumado com a sacerdotisa e Mu de Áries juntos, porém uma pessoa ainda não achava isso certo, esta que não estava presente à mesa, era o curandeiro chefe de Athena.

Após o almoço, Linna parte para sua casa com a companhia de Shaka, e Mu volta à Áries para consertar mais armaduras.

A sacerdotisa e o virginiano permanecem conversando por algum tempo, até Shaka voltar para sua casa cumprimentando Mu assim que passa por Áries. Linna começa então a dar uma ordem em seu domicílio e o ariano assim que acaba seus afazeres sai para dar uma volta.

O tempo começa a mudar no santuário, grossas nuvens acinzentadas acumulavam-se no céu.

Linna, no parapeito da janela de sua casa, a observar o céu, começa a se sentir verdadeiramente estranha.

Mais tarde, Mu retorna à sua casa e para seu espanto encontra Linna adormecida em sua cama. O ariano se aproxima devagar com um sorriso calmo em seu rosto até reparar que a sacerdotisa possuía seus pés descalços e sujos. O cavaleiro de ouro senta-se próximo à jovem um pouco preocupado e começa a chamá-la:

—Linna...? Linna?

Pouco tempo antes, a sacerdotisa, ainda em sua casa, começava sentir fortes dores. Ela segurava fortemente sua cabeça tentando apaziguar a dor enquanto corria porta a fora. A jovem precisava de um lugar seguro, em seu subconsciente ela procurou a casa de Áries. Linna entra na primeira casa e se deita na cama de Mu, ainda se contorcendo de dor, até que ela é vencida pelo esforço e perde a consciência. Agora ela estava sendo acordada pelo seu cavaleiro de ouro. Este dizia com um rosto compreensivo:

—Veio me visitar?

A sacerdotisa simplesmente não se lembrava como havia parado ali. Ela apenas se lembrava de estar em sua casa e começar a se sentir mal.

—Sim — responde a jovem, um pouco insegura.

—Eu fico feliz, mas, por que você veio descalça?

Ela ficou sem palavras e observou seus pés devagar. O que teria acontecido?

—Não precisa mentir para mim, o que houve?

Silêncio. Linna permanecia parcialmente sentada observando o nada.

—Deite-se — ela se deita— Linna — o ariano dizia enquanto pegava na mão da sacerdotisa — você confia em mim, não confia? Você sabe que eu irei te proteger não importa o que aconteça, não sabe? Você não quer me dizer o que está havendo?

Linna simplesmente não responde nada, apenas começa a se levantar dizendo que lavaria seus pés. Diante disto, o preocupado cavaleiro diz:

—Tem certeza que está bem para se levantar?

A sacerdotisa se levanta e na hora sente uma fraqueza e quase cai. O ariano a segura:

—Linna? Você está bem?

Mu a deita e a jovem permanece calada. O cavaleiro continua:

—Eu vou lavar seus pés, está bom assim?

A sacerdotisa assente com a cabeça.

—Espere aqui, por favor — Mu diz isso enfatizando as duas últimas palavras.

Linna espera, um pouco ofegante, de barriga para cima, olhando ainda o nada, muda.

O ariano retorna com um recipiente com água, um sabonete e duas toalhas. Com uma toalha úmida pela água e ensaboada pelo sabonete ele limpava seus pés. Após estarem devidamente limpos, ele os enxaguaria e os secaria com a toalha preservada seca. Linna permanecia calada sem nem ao menos olhar para o cavaleiro que agora também permanecia mudo e com um olhar calmo. Assim que este termina diz:

—Se você não quiser me contar, eu entenderei. Mas permanecerei preocupado sem saber o que está acontecendo.

—Não há motivos... — responde a sacerdotisa ainda sem encará-lo.

—Descanse agora. Descanse sob a minha proteção.

Linna vira-se de lado. Mu permanece próximo à sacerdotisa, sentado em uma cadeira. Ela logo adormece e o cavaleiro de Áries vela seu sono.

Bastante tempo depois quando já começava escurecer, Linna acorda chorando. Mu rapidamente percebe o estado da jovem e vai até ela sentando-se na cama.

—Linna, você está bem?

—Mu!

—Eu estou aqui com você!

—Me desculpe...

—Não precisa me dizer nada se você não quiser, está tudo bem.

—Eu não sei o que está acontecendo comigo, eu apenas me lembro de estar em minha casa...

—Vai ficar tudo bem, eu vou te proteger. Acalme-se agora. Descanse.

Linna pela segunda vez em sua vida chorava nos braços de alguém. A primeira vez que isso aconteceu foi justamente com Mu, quando ela conta a ele que o amava, porém tinha medo que esse sentimento acontecia devido a uma profecia.

—Mu, me prometa uma coisa. Prometa que não vai contar a ninguém sobre isso. Por favor! Eu não quero preocupar mais ninguém!

—Eu prometo.

—Fica comigo?

—Sempre ficarei.

A sacerdotisa adormece novamente em Áries com o cavaleiro de ouro que mais amava velando seu sono.

No meio da noite, Linna começa a ter febre, Mu umedece um pano e o coloca sobre a testa da jovem. Algum tempo depois, a sacerdotisa “acorda” extremamente assustada aos berros.

—Não!! Fique longe de mim!!

—Linna!

—Mu! Diz pra ele ficar longe!

—Quem?

—Ele!

—Acalme-se, estamos apenas nós dois aqui meu amor.

Linna agora permanecia muda, com os olhos arregalados e olhando para o nada.

—Está tudo bem agora, eu estou aqui.

A sacerdotisa abraça seu cavaleiro dourado. Este lhe diz:

—Eu te protegerei de todo o mal, eu lhe prometo.

Mais uma vez Linna adormece em Áries.

No dia seguinte, Mu vai com a jovem até sua casa. Linna não contesta, ela simplesmente sabia que o ariano a acompanharia até o fim do mundo, e ela mesma precisava e queria a companhia de Mu.

A sacerdotisa permanecia deitada em seu sofá com algumas almofadas para lhe dar apoio. O cavaleiro de ouro fazia o almoço. Quando este termina de preparar a comida, Linna diz tristemente:

—Eu não quero mais lhe dar trabalho.

—Não é trabalho algum, além do que, você não tem culpa por estar assim. Irei me ofender se disser mais uma vez que dá trabalho.

Linna da um pequeno sorriso. O ariano continua:

—Isso! É assim que eu quero lhe ver. Agora você deve se alimentar. Trarei seu prato.

—Mu, eu te amo.

—Eu também lhe amo — ele diz sorrindo docemente.

Após o almoço, o ariano resolve praticar uma idéia que havia tido: chamar Shaka. Se Linna não havia contado nada a ele, talvez ao virginiano contasse. Mu chama mentalmente o cavaleiro de Virgem dizendo a ele que converse com Linna. Rapidamente Shaka aparece dizendo que havia vindo visitar a sacerdotisa e o ariano diz que irá sair um pouco.

—Você está bem? — pergunta o virginiano à jovem.

—Para ser sincera Shaka, não muito. Eu gostaria de conversar com você. Eu justamente ia pedir ao Mu que lhe chamasse.

—Serei todo ouvidos.

—Irei lhe contar tudo que sei desde o dia em que fugi do santuário — Shaka abre seus olhos.

sábado, 23 de maio de 2009

Abina Genma - Capítulo 4


O tempo passava e Vega não via nem sinal de sua irmã ou do guerreiro e a falta de pistas começava a irritar a core negro.


Samyra já havia tomado demais do seu tempo com aquela fuga idiota e já havia passado tempo o suficiente para parecer uma irmã preocupada. Quem sabe que destino ela havia encontrado em Carnelian? Talvez já tivessem dividido seu core e assim dominado sua vontade, a essa hora ela já podia estar servindo com seu corpo aos desejos daqueles bárbaros.

Samyra sempre foi fraca e sendo fraca talvez vivesse muito tempo assim entre os cores rubros de Carnelian, pois mesmo sendo fraca era uma mulher, e era assim que os fracos sobreviviam, se submetendo.


— Hora de voltar para Fuscienn. Preciso de um banho e de roupas limpas!


Ela estava decidida a deixar a irmã para trás, mas então algo faz com que ela volte atrás em sua decisão...




Completa-se uma semana desde que Samyra havia chegado à cidade dos guerreiros. Ela resistia, não havia proferido uma palavra sequer e assim achava que seria até o destino sorrir de alguma forma para ela. Já havia tido certa recuperação de seus ferimentos graças às ordens de Lucian, que queria a maga viva até obter respostas. Esses acontecimentos se tornaram mais um motivo para a discórdia entre os três generais de Carnelian.


— Uma semana... — dizia Raynor gesticulando com as mãos — Faz sete dias inteiros que este projeto de core negro está comendo às nossas custas e não abriu o bico! Uma semana! — ele erguia seu punho e olhava irritado para o chão.



— Se Lucian não fosse tão frouxo... — diz Oringo com as mãos para trás sobre sua capa, observando o nada.



— Se... Se... Cansei-me dos "se's"! — diz Raynor abandonando seu punho em uma mão aberta em direção ao chão — Darei um jeito nisso... E será hoje!



— Não faça nada na frente do servo... Ele pode nos causar problemas...


Raynor sai da sala deixando Oringo para trás com um sorriso no canto de sua boca. Ele sabia que finalmente havia chegado a hora de Raynor mostrar a sua verdadeira face.



Durante tarde da noite Raynor vai até as prisões, encontra a de Samyra, destranca a cela e entra.

A core azul estranha a presença dele, mas continua muda, agia como se nada pudesse abalar sua vontade. Raynor por sua vez sorria.


— Sabe o que magos como você merecem? — diz o guerreiro enquanto se aproximava calmamente de Samyra.


A maga não faz menção de virar o rosto em direção ao general. Este então retira a venda da maga enquanto posicionava seu próprio rosto na frente do dela.


"Pensando bem, essa maga pode me proporcionar um pouco de diversão" pensa o general enquanto a avaliava. Aproxima sua mão da face da jovem e esta se afasta. Ele faz com que ela o encare, segurando de forma brusca seu rosto. O guerreiro caminha sua mão até o pescoço alvo mas é empurrado pelas mãos acorrentadas de sua dona. Raynor sorri e a encara. E nesse momento uma forte rajada de vento o empurra contra a parede oposta da cela. Samyra assim que se viu podendo falar fez a única coisa que conseguiria fazer bem, invocou uma magia, porém o efeito não havia sido como o esperado, uma semana sem se alimentar devidamente como seu corpo exigia e somado à suas mãos estarem completamente presas, sua magia não foi capaz de provocar qualquer estrago útil, e só fez enfurecer o guerreiro arremessado.


Raynor se levanta enquanto um filete de sangue escorria por sua têmpora, se aproxima novamente e desfere um tapa no rosto de Samyra, para em seguida tapar a boca da core azul com uma das mãos.


— Assim está melhor, não é? Vamos ver por quanto tempo ainda consegue se manter orgulhosa!


Olha bem dentro dos olhos arroxeados dela e com sua mão ele encosta sobre seu core, que emitia sua luz de um azul profundo, ele o podia sentir quente, liso, rígido, e assim a vida da maga a sua frente estava em suas mãos. Antes que mais algo acontecesse ele aperta seu core, Samyra se põe a gritar, um grito mudo, vago, sua voz agora não saia, não por que não queria falar, mas por que não conseguia mais; tudo era dor, uma dor inexplicável, parecia que toda ela, toda a sua matéria e espírito, eram feitos desse sentimento; ela se debatia, debatia sem muito se mexer, já deitada ao chão seu peito arfava e elevava tentando inutilmente por instinto se livrar da mão de seu agressor; seus olhos fixavam o nada; suas pupilas não mais pareciam existir; sua boca parecia querer capturar todo o oxigênio presente na sala de uma vez. Ela não percebia respirar, ouvir, ver, sentir ou viver. Apenas continuava sentindo dor enquanto pontas continuavam a apertar seu núcleo, a sua vida, a que pouco a pouco parecia se esvair sob a mão daquele homem.

Raynor observava a tudo, cada mudança, desespero, angústia, cada ponta de dor que ela sentia ele podia saber, ele conseguia saber.

Retira sua mão, na pele de Samyra em volta de seu core resta uma marca avermelhada, revelando uma agitação como quando uma pedra é jogada em um lago.


— Ora ora... — aproxima seu rosto da pele alva, sorri e se afasta.


Ele sai da cela rindo deixando Samyra tendo espasmos ao chão, de olhos arregalados e boca escancarada. Agora o core rubro sabia que a maga faria o que ele quisesse. Com absoluta certeza.


Estava tudo tão escuro e frio. Samyra já não sentia seu corpo. Era como se ele não existisse, como se agora ela não fosse mais carne, mas apenas dor.
Queria gritar, mas era como se sua voz estivesse lacrada em sua garganta, e se gritasse quem ligaria para uma maga, ou para o sofrimento dela. Ali ela não tinha ninguém para protegê-la, então de que adiantaria gritar?
Ouviu passos, eram pesados como os que havia ouvido antes da dor. Ela temeu, pois junto com os passos veio a voz, a mesma que zombava de seu orgulho enquanto a torturava.


— Como está minha flor azul do deserto?


Ela se encolheu o máximo que pode, sabia que não teria forças para resistir e pela ironia na voz dele, ele sabia também.


— Normalmente eu jamais me sujaria me deitando com uma core negro, mas eu fiquei muito curioso — disse ele se aproximando. Samyra podia ouvir as peças da pesada armadura serem jogadas no chão — Dizem que as mulheres de Fuscienn são frias, que fazem sexo sem desejo. Pois bem, estou disposto a esse pequeno sacrifício para descobrir se é verdade.

Lucian olhava na direção das prisões, por algum motivo não conseguia parar de pensar na maga e por mais que estivesse ocupado naquela manhã, vez ou outra seus olhos se voltavam naquela direção.


— Só espero que ela tenha se alimentado, não me servirá de nada morta.


Os pulsos presos tentavam fracamente se livrar das algemas. Tudo o que ela queria era se livrar daquela mão imunda em seu rosto. Não sentia tampouco a energia necessária para entoar qualquer magia, se o fizesse consumiria completamente sua energia vital, o que a mataria instantaneamente.


— Que gosto uma maga tem? – disse Raynor gargalhando, para depois pressionar a boca suja contra os lábios de Samyra.


Um nojo terrível se apoderou dela e reunindo suas forças, ela virou o rosto.


— Ainda rebelde! Sabe eu até gosto de sua determinação, mas já cansei disso!


Com um movimento brusco ele a segurou pelas pernas se colocando entre elas. Samyra novamente tentou resistir, mas recebeu um forte tapa no rosto.


— Devia se sentir honrada — dizia Raynor rasgando num único golpe o vestido de Samyra — aposto que nenhum daqueles magos assexuados poderão lhe dar isto! — a vontade de Samyra era vomitar, estava prestes a ser estuprada e mal podia resistir a seu agressor.


“É o fim!” pensou.


— SE AFASTA DELA RAYNOR! AGORA!


Raynor olhou para trás, mas não precisou disso para reconhecer a voz.


— O garotinho Lucian quer brincar com a maga também? Mas apenas depois que eu terminar.

— EU DISSE PARA SE AFASTAR!



Lucian avança contra ele, fazendo Raynor se afastar de Samyra. Lucian pega sua espada enquanto seu core brilhava ferozmente.



— Lucian! Pretendes me enfrentar? — Raynor pega sua arma, ele sabia que Lucian seria um oponente muito difícil — Pertencemos ao mesmo clã! É esta escória que merece isso! — diz o general apontando para a maga ao chão.



Lucian não mais ouvia, com seu core emitindo a mais perfeita cor de sangue investe sobre Raynor que apenas consegue se defender por um triz com sua espada. Lucian força sua entrada e corta a defesa de Raynor, que aproveita para atacar Lucian. Este se defende habilmente e ainda faz com que aquele dê alguns passos para trás causado pela sua força.



— Vou mostrar à você onde é o seu lugar!



Raynor tenta mais uma vez avançar contra Lucian, mas este foi mais rápido, produzindo naquele um ferimento fatal em seu core. Raynor cai com seu core inteiramente cinza. Estava morto.



— Lucian! O que fizeste garoto? — diz o ancião da cidade que chega atraído pelo barulho da batalha e percebe a espada do guerreiro suja de sangue.



— Não pretendia mata-lo... Não era apenas a morte que ele merecia...



— Se matas um semelhante seu, não podes mais viver conosco. Lucian, está expulso de nosso clã!



O guerreiro se mantém calado, a decisão do ancião era irrevogável. Lucian arrebenta as correntes da inconciente maga, retira sua capa e a cobre.



— O que pretende fazer? — questiona o ancião.



— Ela é responsabilidade minha — dizendo isto ele sai da prisão e posteriormente da cidade de Carnelian, atraindo vários olhares e comentários por parte de guerreiros curiosos.



Dois dias então se passam. Agora Carnelian reconhecia apenas um líder que havia finalmente conseguido o que queria, se livrar de Lucian, e além disso Raynor havia morrido, deixando a situação do único general mais ideal do que ele poderia supor dias antes.


"Raynor morreu por que foi um idiota" pensava Oringo, o único general remanescente para o clã dos guerreiros.


— E Lucian foi outro idiota... Atitude típica de um servo. — continuava a pensar o core rubro enquanto andava presunçoso por Carnelian.


Apesar disso, o dia havia amanhecido como outro qualquer. E assim parecia que seria, até aquele momento...


— Mas o que? — se espanta, gritos também podiam ser ouvidos.


Uma parte dos grossos e resistentes muros de pedra que envolviam à cidade rubra havia sido derrubada. Em meio a escura poeira que se havia erguido, uma maga adentrava pela recém criada abertura. Muitos guerreiros já se preparavam para atacá-la, portando enormes lanças pontiagudas e Oringo foi o mais rápido dentre eles, portando sua espada com seu meio core vermelho reluzindo. Porém não tão rápido foi, não o suficiente para conseguir acertar a core negro em questão. Ela o ataca utilizando de magias.


Vega tinha um brilho assassino nos olhos, enquanto o sangue jorrava pelas já muitas feridas abertas no general Oringo, causadas pelas sucessivas explosões invocadas pela poderosa core negro. A sua volta uma centena de soldados apontavam suas armas para ela.

O general ria nervosamente.



— Acha mesmo que se me matar vai conseguir sair ilesa?



— E você reles guerreiro, acha que suas lâminas poderiam sequer me tocar?



Todos ali conheciam a fama de Vega e a maneira como nunca media esforços para conseguir o que queria.



— Não precisa mais ferir ninguém, o que você procura não está mais aqui!



Um velho guerreiro chamado Einar, conhecido pela sabedoria e grande experiência em batalha e também por ser o ancião dos guerreiros, havia acabado de chegar e sabia que ela não poderia ser derrotada sem que um verdadeiro massacre acontecesse ali antes.



Vega apontou uma das mãos então para o ancião.



— Então se não quiser morrer velho, diga onde ela está.



— Ela partiu há dois dias, junto com Lucian!


— Para onde eles foram? — questiona Vega com sua voz autoritária.


— Em direção ao sol nascente...