quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Albina Genma

Uma produção de Saphira (eu ^^v) e Virgo (minha irmã)

Sinopse: Uma guerra sem limites tudo em busca da posse de uma jóia branca, uma pedra que traria poderes inimagináveis a quem a tomasse para si. Porém um sentimento inesperado une inimigos mortais, mudando radicalmente os rumos dessa guerra.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Albina Genma - Capítulo 1


Há muito tempo atrás, numa terra além das fronteiras da nossa própria realidade, houve uma longa guerra.

Como todas as guerras sua única e grande motivação era a busca incessante por poder.

No continente de Terah descansava há muitos séculos, sob a vigilância constante dos clérigos de Alban uma jóia branca, que reunia o poder de todas as jóias naquele mundo, pedras conhecidas como cores. Por isso quem conquistasse essa jóia, seria capaz até mesmo de se tornar um deus.

Mas os cores eram muito mais do que jóias mágicas, eles eram também o coração de cada homem, mulher ou criança que vivia em cada um dos clãs do continente de Terah.

Nessa guerra centenária, três grandes clãs se destacavam, e cada um era formado por distintas classes de pessoas.

Os poderosos magos de Fuscienn, o mais forte clã de Terah, mas também o menos numeroso. No peito de cada mago, brilhava uma única jóia, negra como a noite que lhes concedia o dom de criar e transformar a realidade, rompendo todas as leis físicas e os limites do tempo e espaço.

Os guerreiros de Carnelian tão fortes, velozes, munidos de suas armas ou apenas de seus punhos onde usavam metade de uma jóia vermelha como o sangue derramado nas batalhas, cuja outra metade também brilhava no lugar de um coração de carne.

Os domadores ou homens fera eram o povo que vinha do clã Glaucovirem. Nunca andavam sozinhos, pois ao lado de cada domador sempre havia uma fera poderosa, totalmente submissa a vontade de seu senhor. Assim como os guerreiros de Carnelian também usavam metades de seus cores em seus corações, a outra metade brilhava num tom verde muito escuro entre os olhos das bestas que os serviam.

Inimigos mortais eram esses clãs, pois a ambição de conseguir para si a pedra branca, os impedia de ver a verdadeira essência do poder que buscavam... Mas algo estava para acontecer, que nem mesmo o poder dos magos em suas adivinhações tinha sido capazes de prever, e um poder maior do que o ódio passou a mover as peças nesse jogo.

Passos ecoavam em um salão de chão de mármore. Seu dono era uma maga, ela possuía os cabelos curtos, púrpuros de um tom escuro e usava um sobretudo negro. Por onde passava atraia olhares, quer fosse por sua imponência ou pelo seu poder.
Há poucos minutos dali em um calabouço estava sua irmã, uma maga de cabelos vermelhos pela metade das costas que usava um belo vestido negro, seu nível de sincronia mágico estava para ser avaliado neste momento. Esta analise era feita quando o mago atingia a idade conhecida como adulta (vinte e um anos) e consistia em entoar uma magia para o atual ancião do clã. Quanto mais alto fosse o nível, mais forte era considerado o mago. A moça se prepara, ela fecha seus olhos e pronuncia em baixo volume algumas palavras, ergue sua mão direita até a altura de seu pescoço e aponta sua palma para frente, ela abre os olhos... A poucos metros da maga surgem poderosos cristais de energia que atacariam seu inimigo. O ancião observava a tudo atentamente.



— Parabéns Samyra! Eu diria que você é a segunda maior força em nosso clã!



— Com esse seu core azul você não iria conseguir muito mesmo... — a irmã mais velha havia chegado, como sempre, na hora certa, estava parada na abertura do local com os braços cruzados.



— Vega?



— Sim... Quem mais poderia ser? Agora que você possui idade para ser enviada à guerra deve receber instruções. Encontre-me em breve no salão principal! — Vega deixa o local a passos largos, seus passos voltariam pouco tempo depois a ecoar no salão de mármore.



— Parabéns minha jovem... — dizia o ancião — Mas o que sua irmã disse também é verdade. Um core com uma coloração tão incomum... Algo pode estar errado!



— Não creio que nada esteja errado comigo — Samyra diz sorrindo — Vou procurar meu mestre para lhe contar minha marca!



A maga deixa o recinto e deixa também um ancião ligeiramente preocupado.

Não muito longe dali, próximo a um dos muitos jardins artificiais que tornavam mais suave o aspecto frio e escuro da fortaleza negra onde viviam os membros do mais poderoso clã, Fuscienn, um homem já de certa idade, mas ainda demonstrando grande vigor físico e mental, observava o nada. Seu rosto marcado por cicatrizes estava visivelmente preocupado. Ele percebe sua pupila mais nova a se aproximar.



— Samyra!



— Ainda me assusta quando faz isso!



A jovem de longos cabelos vermelhos sentou-se ao lado dele e esperou.



— E então não vai dizer-me como foi?



— Disseram-me que sou a segunda pessoa mais forte em nosso clã...



— Muito bom...



— Eu estou feliz e satisfeita com minha marca, mas ainda assim não sei se apenas isso será suficiente, ainda falta muito para que alcance minha irmã, mestre.



O homem encarou então a moça, enquanto ela afastava as longas madeixas rubras que encobriam o brilho azul de seu core.

Um suspiro desanimado abateu-se sobre a figura poderosa de Venon. Esperava que sua pupila ainda conseguisse aumentar seu nível de magia, pelo menos antes de partir para o campo de batalha, mesmo tendo um core tão incomum brilhando no peito. Não queria que ela passasse pela dor de evoluir em meio a uma guerra, nem tão pouco que perdesse a vida sob a lâmina de um guerreiro ou entre as presas de uma fera assassina.



— Queria que tivesse mais tempo para exercitar suas habilidades, mas sua pontuação foi muito boa para alguém de core não negro, e nesses tempos de guerra cada mago é necessário no campo de batalha, principalmente por sermos tão poucos.



— Não se preocupe mestre Venon, eu estou pronta para defender meu povo e mostrar o valor da nossa linhagem, assim como minha irmã! — Samyra olhava decididamente para seu mestre — Falando nela devo ir ao seu encontro.



A maga de cabelos rubros caminha até o salão principal e se senta para esperar sua irmã. Neste lugar algumas crianças brincavam e Samyra passou a observar a brincadeira.



— Você perdeu! — dizia um garotinho — Terá que ser o Lucian!



— Ahh... Não é justo! Eu queria ser o Venon...



— Estão brincando de que crianças? — pergunta a core azul que estava a observar.



— Não estamos brincando — responde o primeiro garoto orgulhosamente — Estamos treinando para as batalhas! Eu sou Venon! Eu vou punir você Lucian!



— Eu sou Vega! — dizia uma garotinha — Preparem-se para morrer seres inferiores!



— Vega! Igualzinha mesmo! — diz Samyra sorrindo com as mãos apoiadas sobre seus joelhos — mas quem é Lucian? — indaga em baixo tom.



— A primeira coisa que terá que aprender é se informar melhor.



Vega havia chegado novamente ao salão de mármore, agora acompanhada de seu fiel cão. Vários olhares como sempre se dirigiam a ela.



— Assim como Oran de Glaucoviren, Lucian de Carnelian é a maior força dentro de seu clã. Você deveria no mínimo saber disso.



Samyra abaixa seus olhos até o chão.



— Desculpe-me irmã...



— Não perca tempo pedindo desculpas. Quero que esteja pronta para lutar, sairemos daqui durante a noite — finaliza Vega saindo juntamente de seu cão.



— Está bem... — diz Samyra aos ventos.



quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Albina Genma - Capítulo 2

— Eles mandaram seus melhores desta vez! Tomem cuidado!


Estavam Venon, Vega e Samyra na frente invocando poderosas magias e atrás deles mais cinco magos também atacavam. Em direção a eles se aproximavam em alta velocidade, dezenas de core verde acompanhados por suas feras, animais fortes e de grande porte.

Já alguns dias que os magos vigiavam os avanços constantes dos domadores de Glaucoviren, nas areias perigosas de Safron. Isso era na verdade tudo o que se tinha feito no ano todo naquela longa guerra. Cada clã usava como podia dos artifícios da espionagem, procurando se antecipar ao clã inimigo ou apenas deter seu avanço em direção às cordilheiras de Kapalae. E depois de anos usando apenas de um grupo restrito de cores verdes, mais especificamente aqueles cujas bestas tinham maior resistência a longos períodos sem água, os cores verdes de Glaucoviren haviam finalmente deixado sua floresta com um exército considerável, provando que mais do que nunca eles estavam dispostos a tudo para conseguir finalmente a poderosa core branca.
Mas mesmo conhecendo a organizada rede de espionagem criada pelos cores negros e a fantástica habilidade que alguns deles tinham de se teletransportar para qualquer lugar em volta da cordilheira de Kapalae, não imaginavam que encontrariam um grupo tão seleto de magos, esperando por eles já nas fronteiras de sua floresta.



— Ataquem! Não deixem um core negro respirando! — gritava o gigante Oran, montado sobre sua fera, a mais imponente e poderosa de todas, pois de todos os domadores de Glaucoviren, apenas Oran, o Invencível, havia sido capaz de submeter à sua vontade o orgulho e poder de um dragão.

Os magos atacavam e defendiam os ataques, habilmente, se não fossem realmente tão poderosos não conseguiriam lutar com tamanha diferença numérica.



— Samyra! — gritou Venon, no exato instante em que uma mulher montada sobre um elefante, cujas presas gigantes de marfim, vinham certeiras na direção da jovem maga. — Erga seu escudo agora!

No mesmo instante ela evoca um feitiço de proteção e ergue uma parede invisível, barrando assim o avanço da domadora, que cai indefesa no chão, presa sob o peso de sua fera.



— O que está esperando Samyra, acabe com ela! — diz Vega que não muito longe dali, com um simples movimento de mão esmigalhava os cores verdes de dois domadores.



Samyra hesita, nunca pensou que teria que tirar a vida de alguém! Mas era isso que acontecia nas guerras e agora essa verdade estava diante dela.

Ela olha para a mulher caída diante dela e encara seus determinados olhos cinzentos.



— Que tipo de core é você? — diz ela surpresa ao ver a jóia azul brilhar sobre a pele alva da jovem maga.



Samyra sente uma dor latejante no ombro e percebe que em seu momento de dúvida acaba sendo ferida, não havia visto o atacante e não teve tempo de se proteger. Ela corre. Confusa e sem rumo ela acaba sumindo da vista de sua irmã e seu mestre.

Vega se prepara para invocar uma estrela cadente, sua magia mais poderosa, ela inicia o encantamento e aponta uma das mãos na direção da entrada da floresta, onde um pequeno grupo de domadores iniciava a perseguição a Samyra.



— Vega, não! Se usares esta magia agora... Poderá acertar Samyra! — diz Venon fazendo várias pedras flutuarem em alta velocidade na direção de seus inimigos.



Vega interrompe a invocação.



— Maldição!



Samyra estava ferida e fugia de seus inimigos. Foi assim que entrou em território inimigo, estava completamente dentro do território dos domadores, ou feras, como eram conhecidos dentro de seu clã. A rivalidade tão alta faria com que Samyra encontrasse a morte assim que um dos domadores a encontrasse, e ela sabia que logo seria encontrada.

Quanto mais nervosa ela ficava mais seu core brilhava de um azul intenso, o que fazia com que qualquer tentativa furtiva fosse em vão. Ela inutilmente tentava amenizar a luz que emanava utilizando as mãos. Então, o esperado logo acontece, ela estava cercada por sete domadores. Samyra sentia que estava sendo observada, começa então a invocar uma magia. Por suas costas e dentre as arvores salta uma onça que era montada por um domador. Assim que este o faz seu core emana o mais perfeito verde das folhas. Samyra vê esta luz e consegue evitar um ataque fatal a tempo. Sente sua visão cegada pelo verde da mata e sofre a dor de uma ferida intensa aberta na barriga pelos dentes do animal. Tamanha sua dor ela cai ao chão, seu core se mantinha azul, mas a luz parecia querer se apagar. Um círculo de domadores se forma em volta próximo dela que quase não mais enxergava por dor. A luz verde novamente se aproxima e muito rápido. O domador se prepara para aplicar o golpe fatal. Porém de repente uma luz vermelha surge, fazendo com que os domadores tenham seus olhos a arder. O dono de tal luz brande sua espada, esta parecia ter luz própria, parecia se iluminar sem necessitar da luz da lua ou da luz dos cores ali reunidos. Antes que os domadores pudessem se recuperar totalmente da dor nos olhos Samyra tenta fugir, mas não consegue. Ela perde os sentidos.

Assim que Samyra desperta ela percebe estar com suas mãos amarradas e sua boca vendada. Um jovem homem trajando uma armadura negra e uma capa estava a encarar. Uma luz vermelha podia ser vista emanando de seu core. O guerreiro pergunta com uma voz bastante grave:



— Quantos de vocês estavam na floresta? — ele retira o pano que a impedia de falar, atento.



Samyra se mantém muda, agora olhando para outra direção. Precisava pensar em um plano rápido!



— Eu lhe fiz uma pergunta sua core negro, responda!



Ela não responde. Ele então se prepara para vendar sua boca novamente:



— Por que não me matou? O que pretende fazer comigo? — diz de repente Samyra.



Agora é a vez do guerreiro a ignorar.



— Se você pretende me usar de isca irá perder seu tempo... — ela continua. Tentava se manter firme o que não era realmente muito fácil.



— Então o que você sugere que eu faça à senhorita, maga? — diz o core rubro frisando com desdém a última palavra.



— Sinto lhe informar senhor guerreiro, mas eu não pertenço mais ao clã dos magos... Chantagem não será de nenhuma serventia!



O guerreiro a ignora mais uma vez



— Veja por si mesmo... Olhe meu core e sua cor azulada!



— Não me interessa se você é uma aberração.



Quando o guerreiro se aproxima da maga para vendá-la novamente esta invoca uma magia. Samyra ainda debilitada não consegue realizar uma magia muito poderosa, resolve entoar uma magia do vento para pelo menos tentar fugir distraindo a atenção do guerreiro, quase que instantaneamente a magia é proferida: Uma forte rajada de ar vai à direção do guerreiro que com um simples movimento de sua espada se defende. Samyra se surpreende e ao mesmo tempo já sangrava novamente por onde havia levado a profunda mordida da onça.



— Tenho outros planos pra você... Não pretendo lutar contra alguém neste estado deplorável! — Ele a venda de forma ríspida — Melhor você ficar com essa boca fechada.



Um pouco longe dali pela numerosa perda e atual desvantagem os core verde liderados por Oran batem em retirada, retornando para as profundezas da floresta. A batalha então termina, mas não sem baixas para os magos, que além de terem perdido Samyra na floresta, tinham perdido também duas preciosas vidas. Venon não escondia sua preocupação por Samyra estar sumida.



— Para onde será que Samyra foi...?



Ouvindo isso um dos magos que descansava sentado ao chão faz um comentário.



— Eu vi Samyra entrando na floresta de Glaucoviren, acho que ela estava ferida!



— O quê? — dizem Vega e Venon em uníssono.



— Mestre Venon, eu irei atrás de minha irmã!



Esta já caminha em direção da floresta, que estava próxima.



— Venon, você vai deixar Vega ir sozinha?



—... Ela sabe o que faz — diz Venon autoritário — Vamos voltar para Fuscienn!



Vega entrou sem dificuldade no território dos domadores. Nada, nem o calor que mesmo antes do sol se erguer naquele lugar, já era bastante forte, parecia intimidar aquela mulher.



— Idiota! Sempre precisando de proteção alheia! Quando vai aprender a se virar sozinha? — pensava Vega enquanto abria caminho pela mata cerrada.



Não demorou muito para que sua presença fosse percebida, até porque ela não fazia a mínima questão de se esconder.

Um grupo de domadores surgiu então do meio das árvores. Com certeza se tratava de um grupo de batedores, que vigiavam aquela área, pois com eles não havia nenhuma das grandes feras que normalmente acompanhavam os mais poderosos do clã. Esses vinham acompanhados de animais de pequeno a médio porte, dotados de maior agilidade, em cujas testas também brilhavam as pedras de cor verde.



— Mulher descuidada, é muito idiota por entrar sozinha em nossas terras! Ou será que isso tudo é pretensão típica dos cores negros! — disse um sujeito magrelo e de pouca estatura sempre seguido muito de perto por um babuíno, que mostrava os dentes raivosamente.



Os olhos de Vega brilham. Um brilho profundamente denso como a vastidão do universo e com esses olhos ela encara a irritada fera, que emite um grito ensurdecedor, para em seguida se entregar submissa à vontade da core negro.

Com um movimento de mão, a fera tomada por um pavor absurdo, se volta contra seu senhor, avançando furiosamente contra ele.O primata de dentes afiados crava-os contra o braço de seu senhor, que só então nota o negro que tinge a core na fronte do animal. Os outros domadores ficam confusos, não sabem se atacam a core negro, ou se tentam salvar o companheiro.



— A fera está sob meu comando, e a escolha é de vocês! — diz Vega com a segurança que apenas aqueles que estão certos da vitória possuem.— Serei bem clara para que entendam. Vocês me dirão onde está a core azul que seu povo atacou no último confronto entre nossos clãs, ou cada fera aqui será forçada a se voltar contra vocês, ou ainda posso fazê-las se matarem umas as outras, o que é claro terminará em morte para vocês também. Escolham agora!



Enquanto o sol nascia Samyra era levada amarrada pelos limites da floresta de Glaucoviren, não demora muito para que ela e o guerreiro cheguem até um belo cavalo negro com uma longa crina, amarrado em uma árvore. A maga estava cansada e fraca. O core rubro monta em seu cavalo juntamente com Samyra. Os dois cavalgam por Terah, rumo à cidade de Carnelian.

Enquanto isso a maga do core de mais puro negro continuava andando pela floresta.



— Se aqueles cores verdes não tiverem dito a verdade... — dizia Vega passando entre árvores muito altas e antigas enquanto sua jóia muito negra brilhava furiosamente.

Vega atinge os limites da floresta e encontra as pegadas do animal que levava agora sua irmã.



— O que vocês pretendem cores rubros?