quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Albina Genma

Uma produção de Saphira (eu ^^v) e Virgo (minha irmã)

Sinopse: Uma guerra sem limites tudo em busca da posse de uma jóia branca, uma pedra que traria poderes inimagináveis a quem a tomasse para si. Porém um sentimento inesperado une inimigos mortais, mudando radicalmente os rumos dessa guerra.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Albina Genma - Capítulo 1


Há muito tempo atrás, numa terra além das fronteiras da nossa própria realidade, houve uma longa guerra.

Como todas as guerras sua única e grande motivação era a busca incessante por poder.

No continente de Terah descansava há muitos séculos, sob a vigilância constante dos clérigos de Alban uma jóia branca, que reunia o poder de todas as jóias naquele mundo, pedras conhecidas como cores. Por isso quem conquistasse essa jóia, seria capaz até mesmo de se tornar um deus.

Mas os cores eram muito mais do que jóias mágicas, eles eram também o coração de cada homem, mulher ou criança que vivia em cada um dos clãs do continente de Terah.

Nessa guerra centenária, três grandes clãs se destacavam, e cada um era formado por distintas classes de pessoas.

Os poderosos magos de Fuscienn, o mais forte clã de Terah, mas também o menos numeroso. No peito de cada mago, brilhava uma única jóia, negra como a noite que lhes concedia o dom de criar e transformar a realidade, rompendo todas as leis físicas e os limites do tempo e espaço.

Os guerreiros de Carnelian tão fortes, velozes, munidos de suas armas ou apenas de seus punhos onde usavam metade de uma jóia vermelha como o sangue derramado nas batalhas, cuja outra metade também brilhava no lugar de um coração de carne.

Os domadores ou homens fera eram o povo que vinha do clã Glaucovirem. Nunca andavam sozinhos, pois ao lado de cada domador sempre havia uma fera poderosa, totalmente submissa a vontade de seu senhor. Assim como os guerreiros de Carnelian também usavam metades de seus cores em seus corações, a outra metade brilhava num tom verde muito escuro entre os olhos das bestas que os serviam.

Inimigos mortais eram esses clãs, pois a ambição de conseguir para si a pedra branca, os impedia de ver a verdadeira essência do poder que buscavam... Mas algo estava para acontecer, que nem mesmo o poder dos magos em suas adivinhações tinha sido capazes de prever, e um poder maior do que o ódio passou a mover as peças nesse jogo.

Passos ecoavam em um salão de chão de mármore. Seu dono era uma maga, ela possuía os cabelos curtos, púrpuros de um tom escuro e usava um sobretudo negro. Por onde passava atraia olhares, quer fosse por sua imponência ou pelo seu poder.
Há poucos minutos dali em um calabouço estava sua irmã, uma maga de cabelos vermelhos pela metade das costas que usava um belo vestido negro, seu nível de sincronia mágico estava para ser avaliado neste momento. Esta analise era feita quando o mago atingia a idade conhecida como adulta (vinte e um anos) e consistia em entoar uma magia para o atual ancião do clã. Quanto mais alto fosse o nível, mais forte era considerado o mago. A moça se prepara, ela fecha seus olhos e pronuncia em baixo volume algumas palavras, ergue sua mão direita até a altura de seu pescoço e aponta sua palma para frente, ela abre os olhos... A poucos metros da maga surgem poderosos cristais de energia que atacariam seu inimigo. O ancião observava a tudo atentamente.



— Parabéns Samyra! Eu diria que você é a segunda maior força em nosso clã!



— Com esse seu core azul você não iria conseguir muito mesmo... — a irmã mais velha havia chegado, como sempre, na hora certa, estava parada na abertura do local com os braços cruzados.



— Vega?



— Sim... Quem mais poderia ser? Agora que você possui idade para ser enviada à guerra deve receber instruções. Encontre-me em breve no salão principal! — Vega deixa o local a passos largos, seus passos voltariam pouco tempo depois a ecoar no salão de mármore.



— Parabéns minha jovem... — dizia o ancião — Mas o que sua irmã disse também é verdade. Um core com uma coloração tão incomum... Algo pode estar errado!



— Não creio que nada esteja errado comigo — Samyra diz sorrindo — Vou procurar meu mestre para lhe contar minha marca!



A maga deixa o recinto e deixa também um ancião ligeiramente preocupado.

Não muito longe dali, próximo a um dos muitos jardins artificiais que tornavam mais suave o aspecto frio e escuro da fortaleza negra onde viviam os membros do mais poderoso clã, Fuscienn, um homem já de certa idade, mas ainda demonstrando grande vigor físico e mental, observava o nada. Seu rosto marcado por cicatrizes estava visivelmente preocupado. Ele percebe sua pupila mais nova a se aproximar.



— Samyra!



— Ainda me assusta quando faz isso!



A jovem de longos cabelos vermelhos sentou-se ao lado dele e esperou.



— E então não vai dizer-me como foi?



— Disseram-me que sou a segunda pessoa mais forte em nosso clã...



— Muito bom...



— Eu estou feliz e satisfeita com minha marca, mas ainda assim não sei se apenas isso será suficiente, ainda falta muito para que alcance minha irmã, mestre.



O homem encarou então a moça, enquanto ela afastava as longas madeixas rubras que encobriam o brilho azul de seu core.

Um suspiro desanimado abateu-se sobre a figura poderosa de Venon. Esperava que sua pupila ainda conseguisse aumentar seu nível de magia, pelo menos antes de partir para o campo de batalha, mesmo tendo um core tão incomum brilhando no peito. Não queria que ela passasse pela dor de evoluir em meio a uma guerra, nem tão pouco que perdesse a vida sob a lâmina de um guerreiro ou entre as presas de uma fera assassina.



— Queria que tivesse mais tempo para exercitar suas habilidades, mas sua pontuação foi muito boa para alguém de core não negro, e nesses tempos de guerra cada mago é necessário no campo de batalha, principalmente por sermos tão poucos.



— Não se preocupe mestre Venon, eu estou pronta para defender meu povo e mostrar o valor da nossa linhagem, assim como minha irmã! — Samyra olhava decididamente para seu mestre — Falando nela devo ir ao seu encontro.



A maga de cabelos rubros caminha até o salão principal e se senta para esperar sua irmã. Neste lugar algumas crianças brincavam e Samyra passou a observar a brincadeira.



— Você perdeu! — dizia um garotinho — Terá que ser o Lucian!



— Ahh... Não é justo! Eu queria ser o Venon...



— Estão brincando de que crianças? — pergunta a core azul que estava a observar.



— Não estamos brincando — responde o primeiro garoto orgulhosamente — Estamos treinando para as batalhas! Eu sou Venon! Eu vou punir você Lucian!



— Eu sou Vega! — dizia uma garotinha — Preparem-se para morrer seres inferiores!



— Vega! Igualzinha mesmo! — diz Samyra sorrindo com as mãos apoiadas sobre seus joelhos — mas quem é Lucian? — indaga em baixo tom.



— A primeira coisa que terá que aprender é se informar melhor.



Vega havia chegado novamente ao salão de mármore, agora acompanhada de seu fiel cão. Vários olhares como sempre se dirigiam a ela.



— Assim como Oran de Glaucoviren, Lucian de Carnelian é a maior força dentro de seu clã. Você deveria no mínimo saber disso.



Samyra abaixa seus olhos até o chão.



— Desculpe-me irmã...



— Não perca tempo pedindo desculpas. Quero que esteja pronta para lutar, sairemos daqui durante a noite — finaliza Vega saindo juntamente de seu cão.



— Está bem... — diz Samyra aos ventos.



quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Albina Genma - Capítulo 2

— Eles mandaram seus melhores desta vez! Tomem cuidado!


Estavam Venon, Vega e Samyra na frente invocando poderosas magias e atrás deles mais cinco magos também atacavam. Em direção a eles se aproximavam em alta velocidade, dezenas de core verde acompanhados por suas feras, animais fortes e de grande porte.

Já alguns dias que os magos vigiavam os avanços constantes dos domadores de Glaucoviren, nas areias perigosas de Safron. Isso era na verdade tudo o que se tinha feito no ano todo naquela longa guerra. Cada clã usava como podia dos artifícios da espionagem, procurando se antecipar ao clã inimigo ou apenas deter seu avanço em direção às cordilheiras de Kapalae. E depois de anos usando apenas de um grupo restrito de cores verdes, mais especificamente aqueles cujas bestas tinham maior resistência a longos períodos sem água, os cores verdes de Glaucoviren haviam finalmente deixado sua floresta com um exército considerável, provando que mais do que nunca eles estavam dispostos a tudo para conseguir finalmente a poderosa core branca.
Mas mesmo conhecendo a organizada rede de espionagem criada pelos cores negros e a fantástica habilidade que alguns deles tinham de se teletransportar para qualquer lugar em volta da cordilheira de Kapalae, não imaginavam que encontrariam um grupo tão seleto de magos, esperando por eles já nas fronteiras de sua floresta.



— Ataquem! Não deixem um core negro respirando! — gritava o gigante Oran, montado sobre sua fera, a mais imponente e poderosa de todas, pois de todos os domadores de Glaucoviren, apenas Oran, o Invencível, havia sido capaz de submeter à sua vontade o orgulho e poder de um dragão.

Os magos atacavam e defendiam os ataques, habilmente, se não fossem realmente tão poderosos não conseguiriam lutar com tamanha diferença numérica.



— Samyra! — gritou Venon, no exato instante em que uma mulher montada sobre um elefante, cujas presas gigantes de marfim, vinham certeiras na direção da jovem maga. — Erga seu escudo agora!

No mesmo instante ela evoca um feitiço de proteção e ergue uma parede invisível, barrando assim o avanço da domadora, que cai indefesa no chão, presa sob o peso de sua fera.



— O que está esperando Samyra, acabe com ela! — diz Vega que não muito longe dali, com um simples movimento de mão esmigalhava os cores verdes de dois domadores.



Samyra hesita, nunca pensou que teria que tirar a vida de alguém! Mas era isso que acontecia nas guerras e agora essa verdade estava diante dela.

Ela olha para a mulher caída diante dela e encara seus determinados olhos cinzentos.



— Que tipo de core é você? — diz ela surpresa ao ver a jóia azul brilhar sobre a pele alva da jovem maga.



Samyra sente uma dor latejante no ombro e percebe que em seu momento de dúvida acaba sendo ferida, não havia visto o atacante e não teve tempo de se proteger. Ela corre. Confusa e sem rumo ela acaba sumindo da vista de sua irmã e seu mestre.

Vega se prepara para invocar uma estrela cadente, sua magia mais poderosa, ela inicia o encantamento e aponta uma das mãos na direção da entrada da floresta, onde um pequeno grupo de domadores iniciava a perseguição a Samyra.



— Vega, não! Se usares esta magia agora... Poderá acertar Samyra! — diz Venon fazendo várias pedras flutuarem em alta velocidade na direção de seus inimigos.



Vega interrompe a invocação.



— Maldição!



Samyra estava ferida e fugia de seus inimigos. Foi assim que entrou em território inimigo, estava completamente dentro do território dos domadores, ou feras, como eram conhecidos dentro de seu clã. A rivalidade tão alta faria com que Samyra encontrasse a morte assim que um dos domadores a encontrasse, e ela sabia que logo seria encontrada.

Quanto mais nervosa ela ficava mais seu core brilhava de um azul intenso, o que fazia com que qualquer tentativa furtiva fosse em vão. Ela inutilmente tentava amenizar a luz que emanava utilizando as mãos. Então, o esperado logo acontece, ela estava cercada por sete domadores. Samyra sentia que estava sendo observada, começa então a invocar uma magia. Por suas costas e dentre as arvores salta uma onça que era montada por um domador. Assim que este o faz seu core emana o mais perfeito verde das folhas. Samyra vê esta luz e consegue evitar um ataque fatal a tempo. Sente sua visão cegada pelo verde da mata e sofre a dor de uma ferida intensa aberta na barriga pelos dentes do animal. Tamanha sua dor ela cai ao chão, seu core se mantinha azul, mas a luz parecia querer se apagar. Um círculo de domadores se forma em volta próximo dela que quase não mais enxergava por dor. A luz verde novamente se aproxima e muito rápido. O domador se prepara para aplicar o golpe fatal. Porém de repente uma luz vermelha surge, fazendo com que os domadores tenham seus olhos a arder. O dono de tal luz brande sua espada, esta parecia ter luz própria, parecia se iluminar sem necessitar da luz da lua ou da luz dos cores ali reunidos. Antes que os domadores pudessem se recuperar totalmente da dor nos olhos Samyra tenta fugir, mas não consegue. Ela perde os sentidos.

Assim que Samyra desperta ela percebe estar com suas mãos amarradas e sua boca vendada. Um jovem homem trajando uma armadura negra e uma capa estava a encarar. Uma luz vermelha podia ser vista emanando de seu core. O guerreiro pergunta com uma voz bastante grave:



— Quantos de vocês estavam na floresta? — ele retira o pano que a impedia de falar, atento.



Samyra se mantém muda, agora olhando para outra direção. Precisava pensar em um plano rápido!



— Eu lhe fiz uma pergunta sua core negro, responda!



Ela não responde. Ele então se prepara para vendar sua boca novamente:



— Por que não me matou? O que pretende fazer comigo? — diz de repente Samyra.



Agora é a vez do guerreiro a ignorar.



— Se você pretende me usar de isca irá perder seu tempo... — ela continua. Tentava se manter firme o que não era realmente muito fácil.



— Então o que você sugere que eu faça à senhorita, maga? — diz o core rubro frisando com desdém a última palavra.



— Sinto lhe informar senhor guerreiro, mas eu não pertenço mais ao clã dos magos... Chantagem não será de nenhuma serventia!



O guerreiro a ignora mais uma vez



— Veja por si mesmo... Olhe meu core e sua cor azulada!



— Não me interessa se você é uma aberração.



Quando o guerreiro se aproxima da maga para vendá-la novamente esta invoca uma magia. Samyra ainda debilitada não consegue realizar uma magia muito poderosa, resolve entoar uma magia do vento para pelo menos tentar fugir distraindo a atenção do guerreiro, quase que instantaneamente a magia é proferida: Uma forte rajada de ar vai à direção do guerreiro que com um simples movimento de sua espada se defende. Samyra se surpreende e ao mesmo tempo já sangrava novamente por onde havia levado a profunda mordida da onça.



— Tenho outros planos pra você... Não pretendo lutar contra alguém neste estado deplorável! — Ele a venda de forma ríspida — Melhor você ficar com essa boca fechada.



Um pouco longe dali pela numerosa perda e atual desvantagem os core verde liderados por Oran batem em retirada, retornando para as profundezas da floresta. A batalha então termina, mas não sem baixas para os magos, que além de terem perdido Samyra na floresta, tinham perdido também duas preciosas vidas. Venon não escondia sua preocupação por Samyra estar sumida.



— Para onde será que Samyra foi...?



Ouvindo isso um dos magos que descansava sentado ao chão faz um comentário.



— Eu vi Samyra entrando na floresta de Glaucoviren, acho que ela estava ferida!



— O quê? — dizem Vega e Venon em uníssono.



— Mestre Venon, eu irei atrás de minha irmã!



Esta já caminha em direção da floresta, que estava próxima.



— Venon, você vai deixar Vega ir sozinha?



—... Ela sabe o que faz — diz Venon autoritário — Vamos voltar para Fuscienn!



Vega entrou sem dificuldade no território dos domadores. Nada, nem o calor que mesmo antes do sol se erguer naquele lugar, já era bastante forte, parecia intimidar aquela mulher.



— Idiota! Sempre precisando de proteção alheia! Quando vai aprender a se virar sozinha? — pensava Vega enquanto abria caminho pela mata cerrada.



Não demorou muito para que sua presença fosse percebida, até porque ela não fazia a mínima questão de se esconder.

Um grupo de domadores surgiu então do meio das árvores. Com certeza se tratava de um grupo de batedores, que vigiavam aquela área, pois com eles não havia nenhuma das grandes feras que normalmente acompanhavam os mais poderosos do clã. Esses vinham acompanhados de animais de pequeno a médio porte, dotados de maior agilidade, em cujas testas também brilhavam as pedras de cor verde.



— Mulher descuidada, é muito idiota por entrar sozinha em nossas terras! Ou será que isso tudo é pretensão típica dos cores negros! — disse um sujeito magrelo e de pouca estatura sempre seguido muito de perto por um babuíno, que mostrava os dentes raivosamente.



Os olhos de Vega brilham. Um brilho profundamente denso como a vastidão do universo e com esses olhos ela encara a irritada fera, que emite um grito ensurdecedor, para em seguida se entregar submissa à vontade da core negro.

Com um movimento de mão, a fera tomada por um pavor absurdo, se volta contra seu senhor, avançando furiosamente contra ele.O primata de dentes afiados crava-os contra o braço de seu senhor, que só então nota o negro que tinge a core na fronte do animal. Os outros domadores ficam confusos, não sabem se atacam a core negro, ou se tentam salvar o companheiro.



— A fera está sob meu comando, e a escolha é de vocês! — diz Vega com a segurança que apenas aqueles que estão certos da vitória possuem.— Serei bem clara para que entendam. Vocês me dirão onde está a core azul que seu povo atacou no último confronto entre nossos clãs, ou cada fera aqui será forçada a se voltar contra vocês, ou ainda posso fazê-las se matarem umas as outras, o que é claro terminará em morte para vocês também. Escolham agora!



Enquanto o sol nascia Samyra era levada amarrada pelos limites da floresta de Glaucoviren, não demora muito para que ela e o guerreiro cheguem até um belo cavalo negro com uma longa crina, amarrado em uma árvore. A maga estava cansada e fraca. O core rubro monta em seu cavalo juntamente com Samyra. Os dois cavalgam por Terah, rumo à cidade de Carnelian.

Enquanto isso a maga do core de mais puro negro continuava andando pela floresta.



— Se aqueles cores verdes não tiverem dito a verdade... — dizia Vega passando entre árvores muito altas e antigas enquanto sua jóia muito negra brilhava furiosamente.

Vega atinge os limites da floresta e encontra as pegadas do animal que levava agora sua irmã.



— O que vocês pretendem cores rubros?


quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Capítulo um - A profecia é revelada

Notas gerais:

Essa fanfiction se passa após a Guerra Santa contra Hades retratada no anime/manga;

Algumas datas e fatos foram ligeiramente modificados;

E os personagens de Saint Seiya não me pertencem, mas os meus sim :D

Boa leitura!

ººººº

Mais um dia começava normal no santuário. Porém Mu pressentia que algo mudaria em sua vida hoje.

— Mas que sensação estranha — ele dizia.

Após a guerra contra Hades os cavaleiros de ouro já não usavam suas armaduras a todo o momento, podiam muito bem parecer pessoas comuns no meio da multidão. Era vontade de Athena que seus cavaleiros tivessem as suas vidas da forma mais normal possível. Mu trajava sua habitual roupa que usava quando estava em Jamiel. Estava um dia fresco e tranqüilo.

— Não me lembrava desse jardim, há muito tempo não venho aqui — disse Mu enquanto adentrava um há muito tempo esquecido jardim. Foi quando ele avistou uma garota caída no chão próximo a um banco, ela estava suando muito e parecia estar sentindo muita dor. Mu rapidamente se agachou próximo a jovem e disse:

—Você está bem?

— Me ajude, por favor... — foi a fraca resposta dela.

—Eu vou chamar um curandeiro — disse Mu. Porém quando rapidamente se levantava para fazer o que disse, a jovem o impediu:

— Não, por favor! Eu não quero que ninguém saiba da minha presença. Por favor, senhor!

A jovem estava extremamente sem energia, e mesmo assim ela desesperou-se. A um pedido desses, mesmo não sabendo o motivo dela, Mu atendeu.

— Tudo bem, levarei você para minha casa.

Mu ergueu-a em seus braços. A jovem ficou inconsciente.

Chegando à casa de Áries, Mu começou a curar suas feridas apenas encostando seus dedos sobre a pele e a roupa da jovem, porém, alguns ferimentos ele percebeu que não poderiam ser tratados facilmente desta forma.

— O que aconteceu com você? Com tantos ferimentos internos eu terei que liberar meu cosmo para ver se será possível ter melhoras. Tudo seria mais fácil se eu tivesse aqui um curandeiro...

E foi o que Mu fez, liberou para a garota um pouco de cosmo. Felizmente o corpo dela absorveu muito bem isto, fazendo com que o estado de saúde dela melhorasse.

— Que bom que deu certo. Agora espero que ninguém a note aqui.

Dois dias se passaram e a cada dia Mu, além de liberar para ela um pouco de seu cosmo, usava um pano úmido para limpar os braços, pernas e rosto da garota. Até mesmo a febre que ela tinha sumiu rapidamente. Ele também deixava sempre frutas frescas por perto caso ela acordasse, pois estaria com muita fome e teria que se alimentar para se recuperar.

No terceiro dia que a garota permanecia na casa de Áries ela recobrou a consciência, o ariano estava sentado próximo a ela:

— Onde estou?

— Que bom que acordou. Você está em minha casa, vou lhe trazer um pouco de comida.

E assim foi feito, Mu ajudou-a a comer algumas frutas

— Como se sente?

— Melhor. Obrigada por cuidar de mim. Quanto tempo se passou?

—Três dias.

— Tudo isso? Eu devo ir embora.

—Não posso permitir, você ainda está fraca, permaneça mais alguns dias em minha casa. Garanto-lhe que ninguém irá notar a sua presença.

— Eu não sei...

— Eu já me decidi — disse Mu levantando e levando para a cozinha a travessa de frutas. Quando voltou disse à jovem:

—A propósito, ainda não sei seu nome.

—Linna.

— Prazer Linna, eu sou Mu.

—Prazer.

Enquanto isso na décima terceira casa, um curandeiro dizia para Athena:

— Você tem certeza Athena? Que a sacerdotisa está por perto?

— Sim. Eu tenho certeza, em breve a encontraremos novamente.

De volta à primeira casa, Linna perguntava a Mu:

— Onde eu estou além de ser a sua casa? Eu quero dizer, eu não me lembro direito para onde andei e por quanto tempo.

—Você está no santuário de Athena, mais precisamente na casa de Áries.

Linna escutando isso ficou muda. Então Mu era um cavaleiro de ouro? Ela precisava sair dali o quanto antes!

— E você é um cavaleiro de ouro, de Áries?

— Exatamente.

Linna fez o máximo que pode para se conter e não gritar. Ainda tinha uma pequena chance da profecia não ser verdadeira, mas ela não iria arriscar, não podia ser responsável por mudar a vida de alguém desta forma. Ela pensava:

— Como fui tola! Acabei vindo exatamente pra onde eu havia fugido!

—Linna, eu vou buscar mais alguma coisa para você comer. Eu não pretendo demorar mais que meia hora. Permaneça aqui, assim ninguém irá te ver — Mu fazia questão de não questioná-la ainda sobre este assunto.

— Está certo.

—Não faça nenhum esforço. Eu não demoro — dizendo isso, Mu saiu para fazer o que havia dito. Assim que isso aconteceu, Linna se levantou, cambaleante, pois estava exatamente como Mu havia dito, fraca, e saiu da casa de Áries. Assim que saiu se sentiu tonta e desmaiou.

Nesse momento o curandeiro que já havia sido enviado por Athena, viu a jovem. Rapidamente a enrolou com um pano e subiu as escadarias para a décima terceira casa. Quando passava pelas casas, algumas destas tinham seu guardião dentro. Todos que viram a cena de um curandeiro correndo com um corpo ofereciam ajuda, que rapidamente era recusada pelo curandeiro esbaforido:

— Não precisa! Não se aproxime cavaleiro!

Assim que o curandeiro chegou à décima terceira casa, Athena estava a sua espera:

— Encontrou-a?

— Sim. É Linna. E ela está muito mal. Precisamos ser rápidos, ou ela pode morrer!

—Sim. Faça todo o possível para salvá-la. Onde você a encontrou?

Enquanto o curandeiro já liberava um pouco de seu cosmo para curar Linna ele contava a cena vista:

— Ela estava próxima à primeira casa, mas Mu não estava lá.

— Que bom.

Enquanto isso na casa de Áries, Mu retornava com um pouco de comida e suco. Chegando ao quarto viu que Linna não estava mais lá:

— Eu não acredito! Do jeito que ela estava fraca deve ter desmaiado novamente — disse pondo as coisas no chão e saindo correndo para fora de sua casa.

Mu procurou Linna e não a encontrando entrou novamente na sua casa e saiu pelo lado oposto, em direção à casa de Touro. Chegando lá foi logo falar com Aldebaran:

— Aldebaran...

— Olá Mu, você sabe o que houve?

— O que quer dizer?

— Você não estava em sua casa quando um curandeiro subiu em direção à casa do Mestre levando um corpo enrolado em um pano?

— Não.

— Pois é, muito estranho não? E eu me ofereci para ajudar e ele gritou dizendo para eu não me aproximar.

— Eu vou subir.

— Vai ver o que houve?

—Sim — dizendo isso, Mu correu em direção à décima terceira casa.

Assim que chegou procurou por Athena:

— Athena. Peço permissão para entrar.

Athena ouvindo que um cavaleiro estava ali, saiu da onde estava e foi recebê-lo em sua sala.

— Sim? Aconteceu alguma coisa Mu?

— Eu gostaria de saber se ela está bem.

— O que...

— Não foi uma garota de longos cabelos azuis que trouxeram para cá ainda há pouco?

— O que sabe sobre isso?

— Há três dias, eu encontrei Linna caída nos jardins que ficam próximos de um dos campos de treinamento dos cavaleiros. Ela me implorou para que eu não contasse a ninguém sobre sua presença. Levei-a para minha casa. Como ela começou a melhorar rápido decidi que não teria problemas em cumprir sua vontade. Apenas hoje mais cedo ela acordou. Porém, assim que voltei com mais comida, ela havia sumido, e conversando com Aldebaran, eu soube que um curandeiro havia subido as casas trazendo um corpo enrolado em um pano.

Após Athena ouvir todas as informações de Mu, ouviu-se o chamado urgente de um esbaforido curandeiro:

—Athena! Eu não sei mais o que fazer!

— Espere aqui que eu já volto — disse Athena para Mu.

Já novamente dentro da sala de curas intensivas, Athena perguntava:

—O que houve?

—Ela não está absorvendo o cosmo, algo está errado. Desse jeito a recuperação dela será muito difícil!

—Eu vou trazer Mu aqui.

—Athena! O Mu é um cavaleiro de ouro! Não faça isso!

— Já é tarde demais! — dizendo isso ela abriu a porta e chamou Mu para entrar — Entre.

Assim que ele entrou foi em direção a Linna preocupado:

—Linna...

— Não a toque senhor!

—Eu vou liberar meu cosmo a ela.

E assim ele fez. Neste momento o curandeiro muito espantado disse:

—Athena! Ela está reagindo muito bem ao cosmo de Mu!

—Eu vi — concordou Athena.

Depois de alguns minutos, Linna não mais suava e parecia que logo estaria boa e consciente novamente. Mu parecia cansado.

— Eu gostaria que você trouxesse Camus e Shaka aqui para mim — disse Athena se dirigindo ao Mu.

—Sim.

Mu saiu em direção à casa de Aquário pensando:

— Fizeram tanto sacrifício para escondê-la e agora mais dois cavaleiros irão vê-la? No mínimo estranho...

Mu trouxe os dois cavaleiros como havia lhe sido ordenado por Athena:

—Trouxe Camus e Shaka como você me pediu Athena.

—Sim. Eu gostaria de dizer a vocês dois que a Linna está de volta conosco aqui no santuário.

Shaka se espanta:

— O que? A L...

— A minha irmã voltou? — disse Camus

—Sim — respondeu Athena — por aqui — ela levou-os até a sala de curas.

Mu realmente estava estranhando tudo isso. Agora além dos dois já conhecerem Linna, Camus era... Seu irmão?

Ao ver o estado de Linna, Shaka pergunta à Athena:

— Ela ficará bem?

— Sim, ficará. Só não sabemos exatamente o que ela tem, mas ela está reagindo bem ao tratamento — neste momento o curandeiro faz uma careta.

Camus pegava na mão de Linna:

— Espero que você melhore logo minha irmã.

Shaka passou a mão na cabeça da jovem e disse:

— Melhore logo Linna!

— Bom, agora eu gostaria que vocês saíssem, eu quero ficar a sós com ela. Eu prometo que assim que ela acordar vocês ficarão sabendo. Mu, você me espera na minha sala — disse Athena aos cavaleiros de ouro.

Assim que os cavaleiros saíram, o curandeiro disse à Athena:

— Athena, tem certeza que prefere que o cavaleiro de Áries permaneça próximo de Linna?

—Você mesmo viu, não foi? Ela precisa do cosmo dele. Não tem outro jeito. Agora vá e me deixe sozinha com ela, em breve ela acordará e eu falarei com ela.

O curandeiro fez o que lhe foi ordenado. Poucos tempo depois Linna recobrou a consciência:

—O ...Onde eu estou?

— Você está na sala de tratamentos mais graves. E eu sou Athena.

Antes que Linna tentasse se levantar para tentar fazer alguma reverência, Athena a parou:

—Não a necessidade disso, você está muito fraca.

—Athena. Aconteceu uma coisa horrível! Eu encontrei um cavaleiro de ouro e...!

—Acalme-se Linna!

—Mas Athena! Você deve saber da profecia! É dito que assim que os olhos de um cavaleiro de ouro e os da sacerdotisa de Athena se encontrarem, eles se apaixonarão eternamente! Eu não posso deixar que isso aconteça! Eu não quero ser responsável por mudar o destino...

—Linna! O que aconteceu era o seu destino e essa “lenda” nem é garantida que seja verdadeira. Acalme-se, sim? Desse jeito você só vai piorar.

Linna mais calma diz:

—Será que não é verdade?

—Não temos nada que comprove que seja verdade. Nada mesmo. Bom, você não gostaria agora que eu chamasse aqui novamente algumas pessoas?

—Quem?

—Camus e Shaka.

—Eles estão aqui?

—Sim. Você quer vê-los?

—Quero sim, por favor!

—Então espere aqui e não se esforce. Ahh! E tem um cavaleiro preocupado que gostará de saber que você está bem — disse Athena saindo pela porta em busca de duas pessoas: o curandeiro e Mu.

Athena disse para o curandeiro que chamasse Camus e Shaka e disse para Mu:

— Você gostaria de falar com ela?

— Sim.

— Pode ir — dizendo isso Athena se sentou na sua cadeira em sua sala e começou a mexer em alguns papeis.

Mu foi para a sala de curas intensas novamente:

— Como se sente?

— Estou melhor senhor.

— Que bom. Mas, quantos anos você tem?

—Eu? Tenho vinte anos.

— Pois então. Eu também tenho vinte, não me chame de senhor.

—Certo, está bem — e deu uma risada. Linna então olhou para as mãos no colo e disse:

— Mu, sobre aquilo, naquele dia que você me encontrou...

—A que se refere?

—Bem, sobre eu não querer que ninguém me visse. Isso passou, era apenas bobagem minha.

— Que bom, por que enquanto você esteve inconsciente aqui, Camus e Shaka vieram lhe ver. Eu não sabia que o Camus tinha uma irmã.

—Ahh! Somos sim, irmãos gêmeos — e deu um sorriso.

— E o Shaka?

— Ele é um velho amigo.

Passados alguns minutos chegam Camus e Shaka

—Linna! Que bom te ver novamente!

—Shaka! Como está? Quanto tempo!

—Minha irmã...

—Nisan!

E os dois cavaleiros de ouro recém chegados se aproximaram de Linna:

— Que susto você nos deu! — disse Shaka

—Linna, por que foi sumir assim? — disse Camus

—Eu gostaria que esse assunto chato ficasse para depois, vamos falar do agora! O que vocês tem feito?

—Nos tornamos cavaleiros.

Ao ouvir a palavra: cavaleiro, Linna diz?

—De ouro?

—Sim, cavaleiros de ouro — responde Camus.

Pronto, era o que Linna precisava, seu melhor amigo e irmão cavaleiros de ouro. Apesar de que se a profecia fosse verdadeira, Mu...

—Linna? O que você tem?

—Nada Shaka, nada mesmo. Assim que eu melhorar gostaria rever todo o santuário!

—Então está certo — disse Camus.

Athena de repente entra na sala e diz:

—Marcaremos uma comemoração por causa do seu retorno Linna, assim que estiver melhor. Eu mesma ajudarei os cavaleiros nisto!

—Não é necessário...

—Desculpe-me Linna, mas já está decidido — disse Athena — A propósito, você já me parece muito bem, que tal se você Camus levasse a Linna para ficar em sua casa? Vai ser bom pra ela.

— Sim, farei isto Athena.

—Certo, então podem ir. Dentro de alguns dias será a festa. Combinaremos tudo até lá.

— Certo — disse Shaka.

—Mu, você poderia permanecer aqui que eu gostaria de lhe falar?

—Sim.

Então saíram Camus carregando Linna, e Shaka logo ao lado dos dois.

— Mu, se a Linna piorar não deixe de ajudá-la com seu cosmo.

—Farei isto Athena, juro que farei até o impossível para que ela melhore.

—Assim eu fico mais tranqüila. Pode ir agora.

—Com sua licença — disse Mu e na sala de Athena o curandeiro esperava com uma careta no rosto, ele ainda não achava certo que Linna se envolvesse com os cavaleiros de ouro.

ººººº

Notas finais: É isso ae, e esse foi o primeiro capítulo de Sacerdotisa. Espero que tenham gostado. Até mais!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Albina Genma - Capítulo 3

No rústico acampamento no interior da floresta de Glaucoviren, um homem de pele ligeiramente queimada, pelo sol, um cabelo muito claro que lhe caía em ondas pelas costas largas e olhos de um azul quase transparente, chegava montado em uma imensa fera de escamas esverdeadas.


— Esses cores negros detestáveis! — dizia Oran enquanto desmontava de seu dragão — Como descobriram nossos planos?


— Enquanto vocês estiveram fora houve um confronto na parte norte da floresta — informa uma domadora rapidamente.


— Quem foram os responsáveis?


— Acreditamos se tratar de um ou mais guerreiros — continua relatando a mulher — Os sobreviventes ao ataque disseram estar caçando uma jovem de core azul quando foram surpreendidos. Disseram ter visto uma forte luz vermelha quando foram atacados.


— Cores rubros... Sempre se metendo aonde não foram chamados!


— Oran, que bom que retornaste...


— Shaman — o core verde se aproxima de um senhor de idade chamado Randall, o shaman dos domadores.

"Mas o que eles queriam afinal de contas?" — pensava o líder dos core verde, enquanto o velho shaman o conduzia ao interior de sua tenda.

Oran não podia disfarçar a irritação que estava sentindo, principalmente depois de ter seus planos frustrados pelos não menos odiáveis core negros, e por isso a princípio pareceu não prestar atenção no que o velho homem lhe dizia.


— Está tudo bem, meu filho, parece um tanto perdido em seus pensamento?

— Só estou um pouco preocupado, as coisas não tem saído exatamente como eu planejava! — desabafa o domador.


O Shaman que conhecia Oran desde muito antes dele se tornar o poderoso domador que era hoje, colocou as mãos sobre os ombros cansados do rapaz.


— Ser o líder de nosso povo lhe pesa demais nos ombros, não é meu rapaz?


— Eu não posso me dar ao luxo de sentir cansaço, o destino de nosso povo está em minhas mãos!


— Um destino que você não queria, se lembro bem! — diz o velho se recordando de quando o pai de Oran havia morrido pelas mãos do core negro Venon, deixando cicatrizes horríveis no rosto do seu inimigo e a responsabilidade do clã, nos ombros de um menino.


— O que eu não queria é que meu pai tivesse morrido tão cedo! Venon ainda vai pagar por isso!


— Sabe que quanto mais você pensa em se vingar mais isso o aproxima de seu destino!


Oran se levanta, nada satisfeito em ser lembrado da profecia de seu nascimento.


— Oran de Glaucoviren não teme tolas profecias de nascimento!


— Devia ao menos dar mais crédito ao que elas dizem. Cada domador que vi morrer nessas florestas morreu marcado por uma dessas profecias, incluindo seu pai!


Oran ainda olhou uma vez para trás, antes de deixar a tenda enfumaçada do shaman, e por um breve instante pensou na mulher de cabelos e olhos de prata pela qual ele morreria.

Horas depois os magos que haviam lutado chegavam em casa. Um mago bem jovem corre até a entrada da fortaleza negra.


— Tão poucos retornaram... — diz o jovem core negro, parado próximo aos grandes portões.


— Onde está Vega? — pergunta aflita uma mulher idosa.


— Foi atrás de Samyra que se perdeu de nós.


A senhora leva as mãos à sua boca enquanto Venon continuava a caminhar em busca de algum lugar onde pudesse descansar. Não andou sem ouvir o nome de Vega ainda diversas vezes.


Venon, qual deverá ser nosso próximo passo?"


Não pergunte isso à mim. Espere que Vega retorne com Samyra. Ela se quiser lhe dará respostas."


Dias haviam se passado em que Vega não havia dado sinais de retorno. Não era a primeira vez que a core negro saia sozinha de Fuscienn, mas era a primeira que havia entrado assim em Glaucoviren e a primeira também a estar atrás de alguém.

Venon estava tranquilo pois achava que a qualquer momento a maga retornaria trazendo uma chorosa Samyra seguindo seus passos. Mas o que o core negro não sabia é que talvez dessa vez fosse um pouco diferente...



Na fronteira entre Carnelian e Glaucoviren entre as últimas árvores da floresta e onde uma vegetação mais rasteira já começava a dominar, uma extensa planície verde podia ser vista.


A fome já era sua companheira, a sede também. A maga de core azul era levada como prisioneira e quanto mais o tempo passava mais ficava fraca para tentar fugir. Suas feridas não haviam recebido um devido tratamento, o que também lhe drenava sua energia. Quais seriam os planos dos core rubros? Sua cabeça de tão cansada não mais conseguia pensar sobre isso.

E agora cada vez mais longe estava a fortaleza de Fuscienn para si



— Já esteve alguma vez nas planícies de Carnelian, maga? — diz o guerreiro retirando bruscamente a venda que cobria os olhos de Samyra, montada no grande garanhão negro, com as mãos presas a frente do corpo e tendo ele às suas costas.


Jamais tinha visto algo tão lindo, toda aquela imensidão verde, em contraste com o céu tão azul e as nuvens brancas que pareciam quase tocar a vegetação

Mas ela não respondeu ao core rubro, ainda estava amordaçada.


— Mesmo com toda a magia e o poder que vocês magos possuem ainda não podem superar a beleza de algo assim!

Ele deu um pequeno toque com o pé no flanco do animal e ele prosseguiu, logo chegariam à cidade e ele poderia se livrar dela de uma vez.


O guerreiro finalmente está de volta ao seu clã, na cidade de Carnelian, apesar de já não considerar aquela cidade de pedra, cercada por suas muralhas, como seu lar. Enquanto andava ele trazia Samyra amarrada com uma corda, ela estava praticamente sendo arrastada sendo que não lhe restava mais muita energia. Seu vestido por sua vez, outrora majestoso perdera seu brilho, estava sujo e rasgado deixando visível aos olhares cobiçosos de alguns guerreiros, sua pele alvíssima.

O guerreiro não entra despercebido, enquanto caminhava imponente por entre os muros da cidade, escutava vários comentários.



— Lucian retornou...


— Parece que trouxe uma prisioneira!





Guerreiros se aproximavam curiosos e foi no meio desses que um homem experiente com uma lança presa às costas reconheceu Samyra.



— Esse core... Eu já ouvi falar de uma maga que possuía um core assim... Ela é uma das poderosas irmãs discípulas de Venon!



— De Venon?!



— Sim, não há dúvida! É Samyra, irmã de Vega!



Ao ouvirem o nome de Vega, alguns se assustam, esse nome significava destruição e morte. Muitos guerreiros foram facilmente subjugados e assassinados por ela.

Ouvindo isso um guerreiro que usava uma capa e alguns brasões presos à sua brilhante armadura chamado Oringo, se faz ouvir em meio à balbúrdia da multidão que começava a se formar.



— Pelo que vejo, essa maga é muito valiosa. Bom trabalho Lucian, agora deixe que eu cuide disso.


— Não — diz Lucian com sua voz profunda sem interromper os passos — Eu a encontrei... Ela pode ser Samyra, ou até a própria Vega. Já tenho meus planos...



— Lucian, não se atreva a...!



— Não se atreva a que? Estamos na mesma posição agora!



Lucian que havia parado apenas para encarar os olhos de Oringo continua seu caminho, em direção a prisão da cidade. Este tentava constantemente provar ser superior àquele. Mas Lucian não aceitaria ordens.


As pessoas começavam a deixar o local para continuar suas vidas, aprendizes voltavam a treinar sob os olhares atentos de seus mestres, crianças voltavam a correr pela cidade e uma parte voltava a cozinhar e a cuidar de suas casas. Muitas pessoas ainda sim não podiam deixar de se preocupar, afinal com esta maga em seu território Vega ficava instantaneamente próxima demais.

Oringo com suas mãos às costas permanece observando calmamente Lucian levando a maga. Aproxima-se então Raynor, que formava junto com Oringo e Lucian a maior patente dos guerreiros de Carnelian, os generais. Ele também possuía alguns brasões em sua armadura e uma capa, era mais alto e mais magro que Oringo.


— Não deveríamos ter dado esse posto a Lucian, ele não passa de um servo afinal... — diz o general com sua capa a tremeluzir.



— Deixe estar Raynor — diz Oringo olhando agora fixamente para o nada em sua frente — O servo terá o que merece...



Lucian adentra uma enorme construção e desce vários lances de escada. O guerreiro atinge as prisões de Carnelian. Ele entra com Samyra em uma, um lugar frio feito esculpido em pedras escuras. Ele a empurra até a parede, troca as amarras de seus pulsos por correntes, e estreita mais o tecido que a impedia de falar, afinal, um mago precisava ter suas mãos presas e sua boca silenciada para não causar problemas, um descuido, portanto, poderia ser fatal. Porém para Samyra não restava mais muita força para se mexer, como apontava seu core, que brilhava de forma fraca, deste modo nem luta contra as novas amarras. Em seguida o guerreiro, recolhe a chave da prisão para si.



— Esse será seu novo lar, maga. — diz antes de sair